Federação dos Trabalhadores no Comércio - Goiás - Tocantins

Goiás tem 1,13 milhão de trabalhadores informais

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Goiás tem 1,13 milhão de trabalhadores informais

O número de trabalhadores informais em Goiás foi de 1,13 milhão em junho, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid-19 (Pnad Covid), publicada ontem pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE). O número de junho é menor do que o de maio, quando o levantamento apontou 1,14 milhão de pessoas na informalidade.

A queda, no entanto, não significa que mais pessoas conseguiram trabalho com carteira assinada ou formalizar seus negócios. De acordo com o chefe do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, a quantidade de pessoas ocupadas na informalidade caiu porque a restrição para o funcionamento de atividades econômicas criou um cenário em que trabalhadores não conseguiram sequer ser informais. “Muitas atividades não essenciais deixaram de funcionar e as pessoas perderam a condição de permanecer na informalidade”, diz Edson.

É o caso de Eduardo Batista Dutra, 49 anos, que tem uma banca de roupas no Mercado Aberto da Avenida Paranaíba e também trabalha na Feira Hippie, que está há quatro meses suspensa (há expectativa de retorno neste fim de semana). Impedido de continuar na rotina de trabalho por causa das medidas de combate às disseminação do novo coronavírus, Eduardo conta que perdeu a maior parte da renda familiar. “A gente foi tentando vender uma coisa aqui e outra ali. Mas ficou bem complicado.”

Apesar de o mercado ter voltado a funcionar nesta semana, Eduardo ainda está se organizando para retomar ao trabalho. “Com o recesso, ficou muita coisa em aberto com fornecedor. Estou tentando fazer dar certo. Eu compro o tecido, mas o restante é terceirizado. Tem muita coisa para fazer ainda. Dei entrada no auxílio emergencial do governo, mas não deu certo. Só minha esposa conseguiu”, diz.

A costureira Conceição Morais, 52 anos, também sentiu no bolso o peso da crise dos últimos meses. Até o início deste ano, ela tinha uma marca de roupa e uma loja na Região da 44, mas o tempo em que foi obrigada a não abrir a loja levou ao fechamento definitivo.

“Estou trabalhando com todo serviço de costura que aparece. O que vier. O primeiro mês foi muito difícil, mas depois tinha mais clientes. Eu fui avisando sobre o serviço para algumas pessoas. Sempre tem alguma coisa para fazer.” A costureira diz que ainda não há condições financeiras para abrir a loja de roupas novamente com sua marca, mas pretende retomar o projeto depois da crise.

O trabalho informal também foi a saída encontrada por Mayara Aguiar, 32 anos, que há cerca de um ano morava no Mato Grosso do Sul e trabalhava na compra e venda de fazendas. Natural de Goiânia, Mayara começou a procurar emprego na mesma área assim que retornou. Sem resposta do mercado, ela começou a produzir quitandas em casa. Como aprendeu as receitas com a mãe e a avó, a loja virtual foi batizada de Minha Mãe Que Faz. “No momento eu estou fazendo pão de queijo tradicional e temperado e biscoito de queijo. É tudo on-line e tudo produzindo na minha casa. Toda ferramenta para divulgar, eu uso. Qualquer retorno que der, é melhor que nada. Mas a verdade é que a venda de comida nunca para”, diz. Apesar de não ser sua primeira alternativa de trabalho, Mayara diz que é possível planejar crescimento no ramo.

45% dos lares goianos buscaram auxílio emergencial

O auxílio emergencial do governo federal chegou a 45% dos domicílios goianos no mês de junho. O dado foi divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid-19 (Pnad Covid). De acordo com o levantamento, o porcentual é maior do que a média no Brasil, que foi de 43%. A média de dinheiro proveniente do auxílio nos lares goianos foi de R$ 842. O valor é menor que a média nacional, de R$ 881.

O chefe do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, afirma que o socorro da União se tornou fundamental em um cenário de aumento do desemprego e em que trabalhadores informais não puderem exercer suas atividades ao longo de meses. Entre maio e junho, a Pnad Covid apontou aumento de 17,6 mil pessoas sem emprego em Goiás. Outras 403 mil não procuraram trabalho por causa da pandemia ou por falta de oportunidade na localidade em que moram, mas que gostariam de ocupar uma vaga. A taxa de desemprego em Goiás ficou em 13,1% em junho, porcentual superior à média nacional (12,4%).

O levantamento também aponta que 237 mil pessoas realizaram o trabalho remoto em Goiás em junho. O número representa 9,2% do total de pessoas ocupadas e que não se afastaram do trabalho (2,6 milhões). O porcentual neste item também é maior que a média nacional (12,7%). A pesquisa mostra ainda que no mês pesquisado 50 mil pessoas apresentaram sintomas que podem estar associados à Covid-19 (perda do olfato ou sabor ou febre, tosse e dificuldade de respirar ou febre, tosse e dor no peito). O resultado é mais que o dobro do registrado em maio (24 mil pessoas). Os sintomas são identificados pelo cidadão e o dado não pressupõe diagnóstico médico.

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