A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem a prorrogação do corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os automóveis até o fim do ano. A redução deveria acabar no fim do mês. O anúncio foi feito durante a cerimônia de abertura do Salão Internacional do Automóvel de São Paulo e surpreendeu os executivos do setor automobilístico, que esperavam a decisão para a próxima semana.
“Eu vim hoje (ontem) aqui também anunciar que nós vamos prorrogar a redução do IPI até 31 de dezembro de 2012”, anunciou a presidente ao fim de um discurso de 17 minutos em que citou a necessidade de as montadoras investirem mais na produção local.
O primeiro corte do IPI foi anunciado em maio, para durar até 31 de agosto, mas foi estendido até 31 de outubro e agora prorrogado de novo. O imposto para modelos nacionais 1.0, de 7%, foi zerado. Para aqueles até 2.0, que é de 11% a 13%, caiu à metade. Os preços ao consumidor tiveram redução de 5% e 10%.
Após a cerimônia, ao ser indagado sobre o anúncio de Dilma, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, deu um saltinho com os braços para o alto ao estilo Pelé comemorando um gol. “O que vocês querem que eu faça?”, brincou.
Ele disse que a extensão do benefício ajudará o setor a manter uma média diária de vendas 30% superior à registrada no primeiro semestre. Belini acredita que a indústria encerrará o ano com vendas próximas a 3,8 milhões de veículos, uma alta de 5% em relação a 2011.
Em agosto, quando venceria o primeiro período de vigência do IPI menor, foram vendidos 420,1 mil veículos, o melhor mês da história. Em setembro, as vendas despencaram 30%. O resultado parcial da primeira quinzena deste mês apontava nova queda de 10% em relação a igual período de setembro.
GOIÁS – Fator importante na atração de consumidores às concessionárias, o IPI tornou-se o principal motivo de alavancamento do setor automotivo goiano nos últimos meses, na opinião do diretor para assuntos de automóveis do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Automotores de Goiás (Sincodive-GO), Orlando Carlos da Silva Júnior.
Ele qualificou como sábia a decisão da presidente Dilma Rousseff de prorrogar a redução do imposto até o dia 31 de dezembro. “O mercado precisa disso”, declarou Orlando em referência ao receio das concessionárias quanto à drástica queda nas vendas com o fim do IPI menor.
O diretor do Sincodive-GO declara que “no acumulado do ano, o número de emplacamentos no Estado caiu 3,5% em comparação com o mesmo período de 2011”. Trata-se, segundo Orlando, de um reflexo da crise que norteia a economia nacional e mundial, e que sem a redução do IPI, a queda seria ainda maior.