Celg vai cobrar diferença das contas de goianos

A problemática da paralisação dos serviços de leitura, ligações e religações de energia elétrica que tirou o sossego dos moradores de Goiânia no mês passado, impôs à Celg um prejuízo de R$ 80 milhões nas contas de julho. O impacto representa 21% do faturamento bruto mensal da companhia, em média, de R$ 380 milhões. As informações foram apuradas pelo POPULAR com fontes da Celg.

O déficit é, em parte, momentâneo. Os valores não cobrados dos clientes na capital (que pagaram apenas uma taxa mínima) serão recuperados nas próximas faturas de energia, em duas parcelas.

Os avisos sobre as cobranças já começaram a chegar aos consumidores locais. Procurado pela reportagem, o diretor de Regulação da Celg Distribuição (Celg D), Elie Chidiac, afirma que, além de reaver a arrecadação até outubro, parte do valor pendente deve ser recuperado também por meio de ação contra a Evoluti Tecnologia e Serviços Ltda.

A prestadora de serviços era responsável pela leitura de 620 mil unidades consumidoras de Goiânia, além de fazer novas ligações e religações, cortes, inspeção de unidades, verificação de consumo e diversas outras atividades para a companhia energética. Por falta de pagamento de salários, os funcionários da Evoluti paralisaram as atividades em junho e a Celg não conseguiu atender os clientes por um mês.

Como já adiantou O POPULAR há duas semanas, a empresa FAW assumiu as atividades em caráter emergencial e está na ativa desde 21 de julho, com um contrato de R$ 4 milhões.

Para Elie Chidiac, certamente, os prejuízos serão ainda maiores para a Celg. A elevação no valor das próximas faturas, em função do acúmulo das contas anteriores, pode motivar o crescimento da inadimplência entre os consumidores. Além disso, houve aumento de reclamações junto à ouvidoria da Celg e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regula o setor. “Isso pode gerar mais pedidos de ressarcimentos de consumidores por algum dano que tenha ocorrido durante o período de suspensão dos serviços, aumentando os gastos da Celg”, afirma.

DÍVIDA
Com a paralisação das atividades e descumprimento do contrato, a Evoluti Tecnologia e Serviços acumulou uma dívida de R$ 1,9 milhão junto à Celg, dos quais R$ 430 mil são apenas de multa, informou o superintendente de Atendimento e Serviços Comerciais, Marcelo Mundim. A Evoluti tem uma longa história de trabalhos prestados para a Celg, desde a década de 90. Conforme o superintendente, a terceirizada já executou trabalhos por meio de licitações, mas desde 2012, atuava em caráter emergencial (o motivo não foi informado).

Além de Goiás, a empresa atua em outros Estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Distrito Federal, Pará e Tocantins. Mas, embrenhada numa forte crise financeira, a Evoluti começou a apresentar problemas em abril, com atrasos de salários recorrentes e paralisações de funcionários.

A situação se agravou ao longo de três meses, até o fim do contrato com a Celg, em 19 de junho. Segundo o advogado da Evoluti, Roberto Chalub, parte da crise financeira foi agravada pela defasagem do contrato mantido com a Celg.

“A companhia se recusava a repassar à prestadora de serviço os reajustes de salários negociados pelos trabalhadores e não queria rever o contrato. Além disso, por problemas fiscais da Evoluti, existem valores retidos na Celg, que seriam essenciais para o pagamento de funcionários.

Juntando tudo isso à crise financeira, o sacrifício da empresa se torna muito superior à vontade de continuar prestando bom serviço”, afirma o advogado, informando que são, ao todo, mais de 300 empregados, com uma folha superior a R$ 800 mil.

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