Um dia após conseguir uma rara vitória sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o governo Dilma Rousseff enfim entrou em campo nas negociações políticas para tentar alterar o projeto que amplia a terceirização do trabalho no País.
Com o tempo extra, o governo passou a discutir o mérito do projeto, que estende a terceirização para “atividades-fim” – hoje ela somente é permitida para as chamadas “atividades-meio”. Até então, o governo Dilma tinha se limitado a garantir aumento da arrecadação com o texto.
Ontem, o vice-presidente e novo articulador político Michel Temer convocou uma reunião com o relator do projeto, deputado Arthur Maia (SD-BA), o líder do governo na Câmara, José Guimarães, e o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, que foi líder da CUT nos anos 1990.
“Foi a primeira vez que me encontrei com alguém do governo Dilma para tratar de terceirização mesmo. Até agora as conversas eram todas pelo lado fiscal”, afirmou Maia, após a reunião no Planalto.
Uma das ideias de Temer apresentadas ao relator foi para que se buscasse elencar todas as profissões onde a terceirização seria proibida. Seria uma forma de aliar o desejo do PT e da CUT – de manter a situação como está hoje – com o projeto, que regulamenta os terceirizados.
O governo buscou também deixar mais claro o poder que os sindicatos terão para representar os terceirizados. Hoje, os terceirizados são representados por entidades fracas, que, segundo as centrais, não lutam ou sequer negociam com as empresas intermediadoras de mão de obra. O objetivo é a preservação do modelo sindical atual.