Veículos: Setor espera mais crédito para reaquecer as vendas

O anúncio do fim do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido provocou corrida às lojas e fez com que em dezembro fossem registrados resultados positivos nas vendas de automóveis. Porém, no ano de 2014, o setor registrou a terceira queda consecutiva dos emplacamentos em Goiás, e a expectativa é de que o resultado negativo se repita caso a oferta de crédito não melhore.

Em um ano que será de correções, o esperado é cautela, defende o diretor de automóveis do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Goiás (Sincodive-GO), Orlando Júnior. “O aumento do IPI vai impactar muito as vendas, esperamos que as pessoas consigam crédito mais fácil, porque o aumento será alto.” A expectativa é por menos burocracia e mais facilidade na concessão de financiamentos, que dificultam principalmente a venda de modelos populares.

COMERCIAL LEVE
A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automorotes (Fenabrave) tem o mesmo posicionamento diante do resultado negativo. No Estado, a queda foi de 9,31%, enquanto no Brasil foi de 6,64%. “Aqui sentimos mais, porque alguns produtos podem não ter ido tão bem por não ser o foco do nosso mercado”, diz, lembrando que em junho isso já era previsto.

Segundo dados do Sincodive, somente no segmento de automóvel e comercial leve o ano fechou com decréscimo acumulado de 9,16%, e foi o terceiro ano consecutivo de variação negativa, com 111.272 unidades comercializadas. Em 2013, foram vendidos 122.495, já em 2012 somaram 129.140. Número menor tinha sido registrado somente em 2009.

PREÇO ANTIGO
Apesar disso, com o anúncio do fim da redução do IPI houve aumento registrado em dezembro ante novembro de 10,9% para os automóveis e comerciais leves. E queda na comparação com dezembro do ano anterior de 17,42%. “Ainda temos uma corrida para tentar comprar com o preço antigo e por isso ainda vamos ter boas vendas em janeiro”, acrescenta Orlando Júnior.

O servidor público Carlos Hidasi, de 54 anos, finalizou ontem a compra de seu novo carro para evitar ter de pagar mais. “Fiquei sabendo do fim do IPI reduzido e há oito meses estava olhando um (veículo) para comprar, tive de apressar.” Ele aproveitou o décimo-terceiro e as férias e diz que ficou com medo de ficar sem o modelo e a cor que queria, mas conseguiu negociar e saiu satisfeito da concessionária no Jardim Goiás.

“O movimento está bom, mas em outros anos o cliente tinha como escolher e agora vai ficando mais difícil encontrar certas cores e detalhes”, explica a gerente da Parque Ford, Érica Fátima de Moura. O consumidor deve conseguir encontrar automóveis ainda com IPI reduzido até o início de fevereiro, conforme preveem as concessionárias em Goiânia.

“Nós temos muitos carros com preço antigo ainda, compramos mais para aguentar as férias coletivas, que vão até o dia 19, e atender a demanda”, explica o diretor comercial da Jorlan, Márcio Macedo de Oliveira. A expectativa é de que os valores permaneçam mais baixos até quando durarem os estoques.

O imposto estava reduzido desde maio de 2012. Agora, com a cobrança integral da alíquota do IPI o impacto médio deve ser de 4,5% nos preços dos automóveis. Muitas concessionárias no Estado, além de oferecer preço antigo, também iniciaram campanhas, bônus e promoções para melhorar as vendas, antes da chegada dos novos valores.

A venda de motocicletas também sentiu a baixa nos emplacamentos no ano passado. De acordo com o diretor para assuntos de motocicletas do Sincodive, Edson Aires, o crédito restritivo também foi o motivo. “Estamos com estoques grande, mas a demanda diminuiu em função de outros débitos que o consumidor de moto passou a fazer.”

Ele explica que o cenário está difícil desde setembro de 2011. A média da venda em sua loja era de 750 unidades por mês e passou para 350. “Tudo indica o mesmo cenário para vários segmentos em 2015, justamente porque o crédito vai continuar restritivo.”

 

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