Com a diminuição de empregos no mercado de trabalho, muitos trabalhadores passaram a aceitar vagas sem carteira assinada ao longo deste ano, com salários menores e sem garantias trabalhistas.
Esse quadro é produto da recessão na qual o Brasil está há dois anos. Os rendimentos do trabalho informal, em média, são 40% menores aos do setor formal, reduzindo o poder de compra familiar.
A informalidade também prejudica as receitas governamentais, pois o desemprego e a aceitação das vagas sem carteira assinada por parte dos trabalhadores reduz as contribuições previdenciárias.
Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano, foram eliminadas 226 mil vagas com carteira assinada e 259 mil pessoas deixaram de trabalhar por conta própria. Na informalidade, houve um aumento de 668 mil postos no período.
O setor com maior aumento da informalidade foi a construção civil. O número de vagas com carteira assinada caiu 4,16% do primeiro para o segundo trimestre, enquanto as vagas informais cresceram 10,7%. Historicamente, a construção é um setor em que a informalidade é elevada. Nos últimos anos houve um processo de formalização, puxado por obras públicas e pelo crescimento do setor imobiliário.
Também houve queda entre os empregados domésticos, com queda de 5% no número de vagas formais e aumento de 4% nos trabalhadores sem carteira assinada. A informalidade no mercado de trabalho no Brasil sempre foi alta, mas estava em queda nos últimos anos. No final de 2012, 53% dos trabalhadores tinham carteira assinada. Já no segundo trimestre de 2016, o número caiu para 49%.