Relatório do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com base no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostra que a maioria das vagas com carteira assinadas criadas de 2017 a 2019 possui remuneração de até 2 salários mínimos (R$ 1.996). Nos demais níveis salariais, o número de demissões é maior que o total de admissões.
As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (18) em carta conjunta do instituto.
Nos últimos anos (2015 a 2019), a faixa salarial que teve resultado positivo no saldo de empregos foi a dos trabalhadores que recebem 1 salário mínimo. A partir de 2017, o país voltou a criar vagas com remuneração entre 1 e 2 salários mínimos. No entanto em proporções mais modestas.
Eis algumas considerações feitas no relatório:
– Vagas criadas – os dados do Caged mostraram que, no acumulado de 12 meses até julho de 2019, a economia brasileira havia criado 521,5 mil empregos formais. O Ipea afirma que o país apresenta agora maior dinamismo;
– Tempo de serviço – quanto maior o tempo de empresa, menores as chances de o trabalhador vir a ser demitido. E vice-versa. Segundo o estudo, quase metade das demissões efetuadas na indústria, no comércio e nos serviços ao longo dos últimos 12 meses foi de funcionários que estavam há menos de 1 ano na empresa. Na construção civil, esse percentual chega a 62%. O grupo menos atingido pelas demissões no período foi justamente o dos trabalhadores que possuíam 5 ou mais anos de permanência no emprego;
– Rendimento – “Se, por um lado, a ocupação vem reagindo de forma mais intensa, por outro, os rendimentos médios mostram um comportamento menos favorável, marcado por uma leve retração de 0,2%, na comparação interanual, no 2ª trimestre de 2019″, diz o estudo;
– Maiores salários – na média de 2019, os trabalhadores do Distrito Federal são os que apresentam maior nível salarial, com rendimentos médios reais superiores a R$ 4.000. Os menores salários são observados no Maranhão (R$ 1.385), no Piauí (R$ 1.502) e no Ceará (R$ 1.598);
– Desigualdade – o avanço da informalidade no mercado de trabalho fez crescer a desigualdade de renda no país. O índice de Gini da renda domiciliar do trabalho subiu cerca de 0,514 no 4º trimestre de 2014 para 0,533 no mesmo trimestre de 2018. Quanto mais próximo de 1, maior é a desigualdade;
“Esse aumento do Gini se deve à retomada da ampliação da desigualdade entre os extremos da renda”, afirmou o Ipea.