ARTIGO O POPULAR DO PRESIDENTE DA FETRACOM GO/TO

 

CAPITAL E TRABALHO

 

Em uma crise econômica que dura cerca de cinco anos no Brasil, a única certeza é que Capital e Trabalho nunca estiveram tão juntos para tentarem sobreviver. É perceptível no dia a dia ver a agonia do trabalhador diante do desemprego e a marcha fúnebre que acompanha mais um empresário de luto.

Desemprego é o resultado de muitas variantes de uma daquelas fórmulas matemáticas usadas como gatilho nas provas do Enem para
ganhar ou perder a vaga na universidade. Boa parte dos alunos não sabem como calcular mas o resultado existe. Alguém elaborou a questão e sabe o resultado ou resultados. Moral da história: muitos estudaram, mas poucos sabem fazer a apuração real de
todos os fatores.

Os elementos da falta de poder da empregabilidade do País estão ligados, por exemplo, às questões econômicas extra fronteira brasileira. Exemplificando, quando a China, nosso maior comprador de commodities reduz as importações, a nossa riqueza cai em depressão. Não podemos esquecer os fatos políticos internos que fazem cotações de moedas estrangeiras e bolsa de valores parecerem gangorras de crianças. No sobe e desce ejetam o capital para fora do mercado, que por sua vez arremessa o trabalho na rua.

As lojas esvaziam por falta de consumidor com dinheiro ou crédito, afinal o IBGE apurou que a renda nos últimos cinco anos caiu 16%, por trabalhador. Até os supermercados estão vendendo menos. A alimentação é cortada ou substituída por uma mais barata. A crise
impõe dietas rígidas. Dinheiro a menos no início e fim da cadeia produtiva e este movimento cíclico de demissão, falta de dinheiro e falência faz aparecer os empregos de ocasião. Engenheiro vendendo pamonha na esquina do bairro, o
metalúrgico se torna motorista de aplicativo, gerente de loja de shopping passa a vender marmita e por aí vai. É a lei da sobrevivência,
perde-se o emprego, mas as contas sempre chegam para serem pagas. Alguns “desocupados” são mais audaciosos e têm uma reserva
guardada, ou conseguem uma “vaquinha” familiar, para custearem sua mudança para outros países com mais empregos.

O Departamento de Estado Americano mostrou um aumento de 27% nos pedidos de vistos de 2017 para 2018. A migração de trabalhadores brasileiros inativos, não apenas para os Estados Unidos mas outros países, tem até nome na boca de especialistas econômicos – Fuga de Cérebros, pois o perfil da maior parte dos retirantes, têm qualificação mais elevada.

A crise econômica prolongada cria uma espécie de DNA doente que pode se perpetuar por gerações. O engenheiro que vende pamonha fica desatualizado das novidades de sua profissão, a fábrica em que o metalúrgico trabalhava não renova seu maquinário por falta de
demanda e com isso o País perde em perspectivas de competição frente a outros países.

O desemprego é a imagem de capa do portfólio da crise, pois nele estão uma pessoa ou família que reduz gastos e uma empresa que sente no bolso a perda de ganhos e precisa mandar mais colaboradores embora. É quando o encontro entre Capital e Trabalho promove o enterro da mesma pessoa – o emprego.

Eduardo Amorim – Presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio no Estado de Goiás e Federação dos Trabalhadores no Comércio nos Estados de Goiás e Tocantins.

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