Na crise, atenção aos novos hábitos de consumo é fundamental, diz analista

Apenas 4,9% da micros e pequenas empresas em Goiás ampliaram faturamento de março a junho deste ano, mostra pesquisa feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Nesse período, 6,7% conseguiram permanecer iguais e 89% diminuíram seus ganhos, indicam ainda os dados. Com pouca ou nenhuma folga de capital e grande dificuldade de acesso a crédito devido às exigências de garantias, os pequenos negócios foram os mais afetados pela crise decorrente da pandemia de Covid-19.

Acompanhando essas empresas de perto, Polyanna Marques Cardoso, analista do Sebrae-Goiás, diz que são percebidos detalhes entre as que estão conseguindo melhor desempenho. Ela cita adaptação ao novo cenário e atenção aos novos hábitos de consumo, com as famílias em casa por mais tempo e as pessoas mais preocupadas com a saúde.

Também em Goiás, Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) referente a junho de 2020, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), confirma que a mudança na rotina das famílias favoreceu setores como o de eletrodomésticos, que teve crescimento de 49,3% no volume de vendas, assim como o de material de construção, que registrou alta de 28,1%, e o de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, que cresceu 2,5%, impulsionado pelo home office e pelas aulas on-line.

Outro levantamento do Sebrae, em parceria com a FGV, entre os dias 25 e 30 de junho, com a participação de 6.470 participantes entre microempreendedores individuais (MEI), microempresas e empresas de pequeno porte no País, constatou que o agronegócio, a indústria alimentícia e o setor de pet shop/veterinária apresentam maior capacidade de retomada.

Para o presidente da Associação Comercial e Industrial do Estado de Goiás (Acieg), Rubens Fileti, apesar de muitas empresas, neste momento, estarem com dificuldades para continuar seus negócios, há otimismo sobre os próximos meses em relação a setores que já alcançaram resultados.

“Alguns segmentos, como construção civil, alimentação, empresas na área de serviço e de tecnologia apresentaram uma lição de organização e crescimento nessa época da pandemia, o que nos deixa bastante empolgados para que outros segmentos sigam este mesmo caminho”, comenta.

O presidente da Acieg destaca a indústria goiana, que, após 90 dias do período Covid (abril, maio, junho), era a única no País que registrava expansão industrial, e, agora, com 120 dias, a média anual já está no azul. Ele lembra ainda que, no comércio, houve alta na venda de eletro, no comércio de eletrônicos e material de construção.

“Na indústria, registramos alta nos setores de consumo essencial, como alimentos e medicamentos. Enfim, já estamos vivendo um momento de recuperação efetiva”, acredita Fileti.

Transformação digital

Levantamento do Sebrae também mostrou que 30% das empresas brasileiras voltaram a funcionar desde o início da crise, adaptando-se ao novo cenário e intensificando a transformação digital dos negócios com o aumento das vendas on-line. Em dois meses, 12% das empresas fizeram a adaptação do modelo de negócio para o formato digital, com aumento de 37% para 44% das empresas que estão utilizando ferramentas digitais para se manter em funcionamento e redução de 39% para 23% das empresas que afirmam que só podem funcionar presencialmente.

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