O Comitê de Crise da Prefeitura de Goiânia realizou ontem reunião extraordinária que tratou novamente da liberação das atividades não essenciais em Goiás. Apesar de negar que seja possível a reabertura total do comércio na capital no dia 1º de junho, como empresários defendem, a secretária da Saúde, Fátima Mrué, afirmou para a reportagem que ficou definido que haverá flexibilização do decreto municipal a partir da data.
Um plano para retomada gradual das atividades será discutido hoje com entidades que representam o comércio e foi acelerado na tarde de ontem a pedido do prefeito Iris Rezende (MDB). A partir de segunda-feira, estarão permitidos o retorno de três áreas, imobiliárias, mercados municipais – dos sete, um ficará de fora, o Mercado Central, da Rua 3 – e treinos de futebol ao ar livre.
Segundo Fátima, o pico do número de casos de Covid-19 ocorrerá no final de julho e só depois começará a decair. Por isso, está previsto que escolas poderão retornar às atividades presenciais em agosto. “Cada segmento tem uma data prevista e sujeita a alterações”, pontua. O que vai definir quais retornam primeiro é o risco para a transmissão da doença e propostas de mais de 80 segmentos foram avaliadas.
Uma nota técnica da Saúde será publicada hoje com as justificativas e critérios estabelecidos para a abertura de cada área, bem como o protocolo que deverá ser seguido. “Os treinos esportivos, por exemplo, pelas propostas e protocolos só podem em ar livre e numa área de mais de 5 mil metros quadrados e número restrito de atletas, o que permite um controle.” No caso das imobiliárias, cita limitação por horários e dias.
“Goiânia é considerada um dos exemplos desse controle com uma das mais baixas letalidades e precisamos conservar isso de forma responsável.” O retorno total, de outro lado, ela defende que tecnicamente só deverá ocorrer quando a doença estiver controlada, o que se imagina para agosto.
“Até lá, um ou outro pode ser contemplado com abertura e um plano de retorno a um novo normal, que queremos pactuar para que nos ajudem a fazer cumprir a forma de funcionamento.” Os pontos levados em consideração para ampliar ou não a flexibilização envolvem a taxa de infecção da doença, número de casos e capacidade de atendimento aos doentes.
Até ontem, a taxa de ocupação dos leitos era de 80%, de acordo com a secretária. “Hoje (ontem) estamos na faixa laranja (na graduação de verde para vermelho). Ou seja, poucas coisas podem estar abertas. Mas vamos revisitar os decretos.”
Sobre a decisão de reabertura gradual, o presidente da Federação do Comércio em Goiás (Fecomércio-GO), Marcelo Baiocchi, reforça que o plano é abrir em junho. “Vamos discutir agora só como vamos abrir no dia 1º de junho. A gente até entende que tem de tratar cada segmento de forma diferente, não há problema. Mas é imprescindível que amanhã (hoje) saiamos com data para abrir os shoppings, a Região da Rua 44, bares e restaurante.”
Ele defende que sem uma perspectiva clara sobre quando todos podem retornar, “podem começar a radicalizar e a gente não terá como segurar isso”. Uma abertura a qualquer custo é ameaçada. “Se abrir assim, sem ordem, vai ser ruim.”
“O comércio e a Região da 44, em especial, foram parceiros assim que o poder público solicitou a suspensão das atividades. Agora precisamos entender que a volta segura e gradual faz parte da solução e não do problema. O comércio da capital está sim preparado e comprometido com essa retomada responsável”, defende o presidente da Associação Empresarial da Região da 44 (AER44) Jairo Gomes.
Para hoje também está prevista uma carreata que deve pedir o retorno das atividades não essenciais em 1º de junho.