Vacinação acelerada pode fazer 54% dos pequenos negócios retomarem faturamento até agosto

Se o ritmo de vacinação no País for acelerado, 54% dos pequenos negócios, o correspondente a 9,5 milhões de empresas, poderão retomar o faturamento para um nível pré-pandemia até o dia 18 de agosto, segundo estudo conduzido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Desse grupo, segundo o Sebrae, estão empresas que atuam principalmente nos setores menos atingidos pela crise e que, por isso, podem ter uma reação mais rápida, como comércio de alimentos, saúde e educação. 

O estudo do Sebrae levou em conta o atual cronograma de vacinação do Ministério da Saúde, mas também levou em consideração um aumento da velocidade da vacinação para o limite da capacidade do Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, de 3 milhões de doses de vacinas diárias. Com essa premissa, que precisa que o País tenha mais vacinas disponíveis para ser cumprida, até o dia 24 de maio 100% dos idosos com mais de 60 anos e dos profissionais da saúde estariam imunizados com duas doses da vacina, aponta o estudo.

“Nós nos entusiasmamos com essa análise porque ela nos traz um pouco de esperança e de luz”, comenta o presidente do Sebrae, Carlos Melles. Por conta da leitura de que apenas a imunização da população levará à esperada retomada da economia, Melles disse que apoia as iniciativas que visem aumentar a velocidade da vacinação no País. O estudo do Sebrae considerou que até o dia 18 de agosto, assim, todos os adultos com mais de 40 anos estejam vacinados, o que se leva em conta também que o cronograma siga pela idade.

As pequenas empresas foram as mais afetadas pela pandemia. A estimativa é de que aproximadamente 700 mil PMEs (pequenas e médias empresas) tenham fechado as portas definitivamente no ano passado.

Já setores mais afetados pela pandemia, tal como bares e restaurantes, só retomariam o nível pré-pandemia por volta do dia 11 de outubro, assumindo para essa projeção que as pessoas com mais de 25 anos estejam imunizadas até essa data. Já o setor de beleza só alcançaria o estágio de faturamento equivalente ao pré-pandemia em 27 de outubro.

Segundo o estudo feito pelo Sebrae, os setores de turismo e economia criativa, no entanto, devem demorar ainda mais, voltando ao patamar de faturamento anterior à pandemia apenas em 2022. A demora maior, segundo Melles, decorrerá do fato de que as pessoas, mesmo vacinadas, devem continuar por um tempo evitando aglomerações.

Nesse grupo está Teresinha Dotto,  dona de um bufê em Guarulhos. Sua percepção é que algum movimento, vindo de pequenos eventos deverá vir apenas a partir do segundo semestre, com festas maiores apenas em 2022. Isso  se a vacinação ocorrer de forma mais célere. “Temos que vacinar para ter uma retomada no setor de eventos”, comenta a pequena empresária.

Com seu negócio paralisado na pandemia, a solução para manter algum movimento – e faturamento – foi a criatividade. Com a cozinha do bufê a ideia foi  passar a vender marmitas, kits de festas em casa e passou a ser ativa em redes sociais.  O faturamento hoje está em volta de 20% do que era antes da crise e a solução para se manter de pé, além de tentar novos serviços, foi  cortar todos os custos possíveis  de sua operação.

 Fôlego financeiro

Enquanto a vacinação mais efetiva não vem, Melles afirma que as pequenas empresas precisam de medidas que lhes ajudem a ter fôlego para aguentar esse período que as separa da vacinação. Isso porque, segundo ele, essas empresas estão enfrentando o pior momento desde o início da pandemia, sem capital de giro, com dívidas e com limitação de circulação de pessoas diante das medidas mais restritivas em muitas localidades do País para se combater a pandemia.

O Sebrae vem trabalhando para que sejam adotadas medidas como moratória de débitos fiscais, aprovação do Pronampe permanente, renovação das Medidas Provisórias que flexibilizaram as regras trabalhistas e pela renegociação das dívidas tributárias, segundo o presidente do Sebrae.

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