As atualizações dos decretos municipais em Goiânia e Aparecida de Goiânia causaram descontentamento e comparações dos empresários entre as decisões de ambas as prefeituras. Para a classe empresarial, a capital deveria ter seguido medida semelhante à que foi adotada na cidade vizinha. Em Goiânia, a Prefeitura optou por manter o fechamento das atividades essenciais por mais 14 dias, que serão seguidos por 14 dias de reabertura, e ainda restringiu algumas ações, como venda de materiais não essenciais nos supermercados (roupas, eletrodomésticos, brinquedos, eletrônicos, etc.) e reforçou o fechamento de ferragistas e lojas de materiais para construção.
Por outro lado, em Aparecida, que vinha realizando medidas idênticas às da capital nas duas primeiras semanas deste mês, com o aval do governo estadual, optou por se diferenciar e adotar projeto que foi seguido na cidade entre junho e agosto de 2020. No município as atividades funcionarão por escalonamento regional. Nesta fase, de alto risco (laranja), cada uma das 10 regiões funcionam em 3 dias da semana de segunda a sexta-feira. Todas abrem nas manhã de sábado e fecham na parte da tarde e aos domingos. Para o empresariado da região metropolitana de Goiânia, esse medida é “menos pior” para a economia.
As entidades empresariais devem continuar negociando com a Prefeitura de Goiânia a partir desta segunda-feira (15) a flexibilização das atividades comerciais. Na sexta-feira (12), foi proposto um escalonamento por horário de abertura e o fechamento de todas as atividades às 21 horas, permanecendo assim até as 5 horas. Agora haverá um posicionamento para a adoção do escalonamento regional ou por tipo de atividade, o que poderia ocorrer de modo que um segmento funcionaria às segundas e quartas pelas manhãs e outro no horário vespertino, por exemplo.
Além disso, os empresários devem finalizar uma proposta a ser apresentada ao prefeito Rogério Cruz (Republicanos) e ao governador Ronaldo Caiado (DEM) de prorrogação ou isenção do pagamento de determinados impostos ou taxas e ainda de linhas de créditos ou auxílios para as empresas. O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Rubens Fileti, conta que a proposta ainda está sendo finalizada pelas entidades, que devem se reunir nesta segunda-feira (15). O Fórum Empresarial de Goiás também só deve se posicionar sobre os decretos e sobre as ações a serem feitas nesta data.
Em nota, o Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas-GO) informou que a situação na capital é insustentável e que “cobra do poder público medidas de socorro ao setor produtivo para as empresas suportarem mais 14 dias de portas fechadas” em Goiânia. A entidade sugere “a liberação emergencial de linhas de crédito para as empresas, sobretudo as de pequeno e médio porte” e a diretoria deve analisar nesta segunda-feira (15) outras alternativas para amparar os lojistas. Fileti lembra que a decisão da Prefeitura de Goiânia faz com que as atividades econômicas permaneçam fechadas por todo o mês de março.
“O ideal seria o escalonamento por zonas ou empresas, mesmo que a situação de Goiânia seja diferente, mas daria para fazer algo com o escalonamento. A medida de Aparecida é menos ruim, os empresários de lá, com isso, entendem que o prefeito Gustavo Mendanha (MDB) está fazendo algo razoável, olhando o lado da saúde e das empresas”, diz o presidente da Acieg. Ele completa ainda que o prefeito da capital tem escutado as propostas empresariais, mas que a alta taxa de ocupação dos leitos hospitalares fez com que a atitude fosse diferente.
Critérios
Apesar de adotar medidas restritivas desde o 1º dia deste mês, a taxa de ocupação dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTIs) na capital segue alta. Na tarde deste domingo (14), segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), 93,5% de todos os leitos de UTI existentes em Goiânia estavam ocupados. Em Aparecida, o índice estava em 100%. Levando em consideração apenas os municipais, o índice chega a 70,67% na capital e em 100% na cidade vizinha, em dados também da SES-GO.
Os decretos anteriores das duas cidades afirmavam que a flexibilização das medidas só ocorreriam com a manutenção dessas taxas em 70% por cinco dias consecutivos, o que não ocorreu nas duas últimas semanas. Para a mudança das medidas em Aparecida, uma das justificativas foi a falta de adesão da população ao que foi ordenado anteriormente. A prefeitura local informou que o escalonamento regional foi bem aceito no ano passado e, por isso, voltaria a ser adotado.
Dados sobre o isolamento social em Goiás, pela empresa In Loco, mostram que, desde o começo do mês, com as medidas em vigor na região metropolitana de Goiânia, o índice não ultrapassou os 40% entre as segundas e os sábados. Em 2020, as autoridades sanitárias buscavam um índice acima de 50%.