Varejo goiano vendeu on-line 48% mais até junho

Ter uma loja virtual, estar em plataformas de marketplace, investir em tráfego pago no Instagram, ter um site de vendas ou simplesmente divulgar seus produtos para os clientes pelo WhatsApp. As empresas goianas estão usando um número cada vez maior de ferramentas na internet para alavancarem suas vendas. E, pelo visto, a estratégia tem dado certo.

Um levantamento feito pela Nuvemshop, plataforma de e-commerce líder na América Latina, mostrou que as pequenas e médias empresas do varejo on-line de Goiás movimentaram R$ 85 milhões no Brasil no primeiro semestre deste ano, 48% mais que o registrado no mesmo período de 2023. Elas comercializaram cerca de 1 milhão de produtos, um crescimento de 32% em relação ao ano passado.

Os segmentos que tiveram maior faturamento foram: Saúde & Beleza (R$ 32 milhões), Moda (R$ 26,1 milhões) e Joias (R$ 1,5 milhão). O cartão de crédito foi a opção mais utilizada na região, representando 50% de todos os pedidos pagos, seguido pelo Pix, que já corresponde a 43,5% das operações.

Na loja atacadista de moda Miss Mey, que fica na Região da 44, as vendas on-line foram crescendo ano a ano e, hoje, já respondem por 80% do faturamento. “Tem dias que só fazemos vendas online e nada presencial”, conta o gerente da loja, Tiago Cavalcante. Para divulgar os produtos para clientes de todo Brasil e até do exterior, a loja criou grupos no WhatsApp, faz parcerias com perfis de alta visibilidade que divulgam produtos de vestuário e realiza lives semanais pelo Instagram. “O atendimento pelo WhatsApp é constante, os celulares dos vendedores chegam a congestionar e, às vezes, eles demoram o dia todo para responder todos os pedidos”, informa.

O empresário Edivaldo Pinheiro da Mota, da loja de moda feminina Bella Vivasse, lembra que começou as vendas on-line pelo WhatsApp. Ele conta que vende atacado e varejo e que, depois da pandemia, as vendas virtuais tiveram um crescimento significativo. Hoje, as vendas online já respondem por 60% do faturamento. “Nosso trabalho é dividido entre o presencial e o online, pois um completa o outro no atacado e varejo”, conta Mota.

Estas vendas ocorrem por meio de links: o cliente clica e entra num catálogo digital integrado com o estoque da loja, no mesmo formato do e-commerce. “Ele faz o pedido por lá, mas paga direto pra loja e despachamos o pedido. Ainda temos o e-commerce pelo site e tráfego pago pelo Instagram”, informa o empresário. Segundo ele, muitos clientes conhecem a loja pelos meios digitais e compram no presencialmente. “Mas, hoje, clientes de outras cidades e estados vêm bem menos à loja física, por isso muitas empresas reduziram estas lojas”, destaca.

No e-commerce brasileiro, as vendas totais somaram R$ 185,7 bilhões em 2023, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), um crescimento de mais de 10% em relação a 2022. Foram cerca de 395,11 milhões de pedidos e tíquete médio de R$ 470 por cliente em 2023. Os eletrodomésticos foram os mais procurados, seguidos pelos eletrônicos, telefonia, casa e decoração, além de moda e acessórios. As mulheres foram mais de 60% dos clientes. De acordo com o levantamento “Perfil do E-Commerce Brasileiro”, da BigDataCorp, o número de lojas virtuais também aumentou em 17%, chegando a mais de 1,9 milhão no País. A pesquisa foi feita em 2024, com mais de 20 milhões de sites brasileiros.

Potencial

Para Daniela Spinardi, diretora de Pequenas e Médias Empresas na Nuvemshop, apesar das vendas on-line já fazerem parte do comportamento do consumidor no Brasil, é visível o potencial desse mercado frente a outros negócios para empreendedores de todos os segmentos. “O e-commerce é e continuará sendo uma das melhores oportunidades para pequenos e médios varejistas que desejam iniciar ou mesmo expandir suas vendas”, aposta a executiva.

Há 35 anos no mercado, o empresário Yuri Guimarães Mendes, da Duh Intimates lingerie, hoje vende pelo site próprio, faz tráfego pago, trabalha com influenciadores digitais e markeplace. Ele lembra que o boom de crescimento das vendas virtuais aconteceu na pandemia, quando o faturamento no on-line cresceu 400%, com as pessoas mais em casa. “Hoje, isso está mais estabilizado, pois aumentou a concorrência e o custo do tráfego, mas nem temos mais nem loja física”, conta.

Para ele, uma das maiores vantagens das ferramentas virtuais é ter mais controle do negócio, com acesso a todas as informações sobre o cliente: que produtos ele visitou, os picos de acesso ao site e o perfil do consumidor que mais compra seus produtos nas redes sociais. “Com isso, você consegue criar uma comunicação online mais assertiva”, destaca Mendes.

Hoje, a empresa vende mais varejo para região Sudeste, que tem o preço do frete mais em conta e grande densidade populacional. Já o atacado é melhor para a Região Norte. “São 53 milhões de mulheres no Instagram, mas também temos muito mais lojas do ramo, o que nos obriga a inovar sempre em conteúdo de qualidade, que capte atenção do seu público alvo”, alerta o empresário.

Confiança maior

A superintendente executiva da Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL Goiânia), Hélia Gonçalves, acredita que o crescimento das vendas on-line foi impulsionado pela própria expansão da internet e o aumento da confiança do consumidor nestas compras, que passou a buscar mais praticidade e conveniência. Por isso, as empresas estão se adaptando a este novo perfil de compras. Algumas estão mais ou menos avançadas, mas o número é crescente.

As lojas se adaptam às necessidades do consumidor utilizando um número cada vez maior de ferramentas de divulgação virtual. “Elas aderem a cada vez mais plataformas de vendas”, destaca Hélia. Lojistas dos segmentos de moda, saúde e beleza e de joias estão entre os que mais utilizam estas ferramentas de divulgação on-line, diante de um consumidor cada vez mais preocupado com a saúde e boa aparência física.

Estas lojas utilizam cada vez mais estratégias e as campanhas nas redes sociais são direcionadas ao público alvo das empresas, que também disponibilizam cada vez mais aplicativos de vendas para o cliente. “Algumas lojas fazem suas campanhas pelo Instagram, que direciona o consumidor para suas plataformas ou WhatsApp”, explica a superintendente da CDL.

Para ela, os lojistas estão cada vez mais antenados às mudanças de consumo e a venda on-line é um caminho sem volta. “Porém, algumas questões logísticas ainda precisam ser melhoradas, como o custo do frete, que muitas vezes é alto”, alerta.

O presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio-GO), Marcelo Baiocchi, lembra que, na pandemia, as compras online foram uma forma das pessoas continuarem comprando por estarem dentro de casa isoladas. Neste período, o comércio eletrônico se fortaleceu muito e continuou depois. “As pessoas aprenderam a desmistificar o medo que ainda tinham de fazer compras on-line”, acredita. Porém, as lojas ainda precisam ser bem referenciadas para terem um grande movimento, por isso grandes portais são os grandes catalisadores de negócios.

Mas Baiocchi acredita que, hoje, se tornou uma necessidade para o lojista ter seus produtos na rede. “Para quem é muito pequeno, hoje existem muitos marketplaces acessíveis, além do WhatsApp e Instagram. Por toda rede você mostra para o mundo o que tem para vender”, adverte.

Ele ressalta que as novas gerações gostam muito de comprar pelo celular, e a tendência é que os aplicativos de compras continuem crescendo. “Mas isso não significa que deixaremos de ter o comércio tradicional, porque muita gente faz questão de ir até a loja para conhecer o produto de perto. É uma nova experiência que continuará convivendo com o comércio tradicional”, prevê.

Fonte: O Popular

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