Em tempos de transformações no mundo do trabalho, não é raro ver empresas e sindicatos disputarem narrativas, mas o desenlace costuma ficar nas mãos de quem vive na prática essas mudanças. É nesse cenário que se insere o recente impasse entre o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e o Itaú Unibanco. Segundo o sindicato, o banco apresentou proposta de indenizações reforçadas para cerca de mil funcionários que foram desligados em 8 de setembro, em regime remoto ou híbrido.
A oferta, mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), inclui um pagamento extra de até dez salários, além de um valor fixo de R$ 9 mil, a 13ª cesta-alimentação e a manutenção da taxa diferenciada de financiamento imobiliário para os ex-empregados. Ainda como contrapartida, o Itaú comprometeu-se a não extinguir o formato de teletrabalho no banco, algo que virou bandeira após os cortes, segundo o Metrópoles.
A proposta já tem dia e hora para ser avaliada: nesta quinta-feira (09) houve assembleia. Se for aprovada, a adesão será individual, os trabalhadores terão até seis meses para decidir, conforme divulgado pelo sindicato.
Do outro lado, o Itaú sustenta que esses desligamentos não são demissão em massa. Em nota, afirmou que foram consideradas “as condições individuais de cada colaborador, sem objetivo de redução de quadro” e que a decisão se baseou na aderência à jornada de trabalho e à atividade digital aferida em sistemas corporativos, sempre segundo suas políticas internas e a legislação brasileira.
Para quem estava há pouco tempo no banco — até 23 meses — o pacote contempla quatro pisos salariais somados a R$ 9 mil fixos. Já para quem ultrapassava os dois anos, a proposta incluiria seis pisos salariais mais meio salário por ano trabalhado, com teto em dez salários. Ambos os grupos teriam também a 13ª cesta-alimentação garantida e manteriam o benefício do financiamento imobiliário.
Há quem veja o movimento sindical como uma vitória simbólica: é raro conseguir negociações que estendam “pagamento extra” tão robusto aos desligados. Mas tudo depende da aprovação individual, na assembleia marcada, e da adesão seletiva nos meses seguintes. Caso muitos rejeitem, o efeito prático será diluído.
Fonte: Portal 6