Mais de 500 mil brasileiros podem ser empregados temporariamente neste fim de ano em todo o país. Além da preparação para as vendas de Natal, os novos trabalhadores também vão atender à demanda da Black Friday, que se transformou na melhor data para vendas on-line.
O designer e estudante de direito Edmilson Oliveira, de 63 anos, chegou cedo para a fila de empregos em um centro de recrutamentos em Belo Horizonte. Edmilson já trabalha no setor de serviço social de um hospital da cidade, mas, há quatro meses, não recebe salário. Por isso, está de olho na oferta de vagas temporárias que abriram neste fim de ano e que podem se transformar em uma nova carreira.
“Como tenho minhas despesas pessoais, preciso buscar outra receita. Então, eu vim aqui no Sine procurar alguma coisa que me encaixe. Se não tiver alguma coisa na minha área administrativa, eu encaro qualquer coisa. Eu tenho que criar receitas para sobreviver.”
Assim como Edmilson, outros 535 mil brasileiros podem ser empregados temporariamente, neste fim de ano, em todo o país. O número de vagas abertas é 7,5% maior do que o registrado no ano passado, de acordo com a Asserttem, a Associação Brasileira do Trabalho Temporário.
A indústria é a responsável por 50% das vagas. No comércio, o incremento deve ser de 20%. Além da preparação para as vendas de Natal, os novos trabalhadores também vão atender à demanda da Black Friday, que se transformou na melhor data para vendas on-line.
E é justamente por causa do crescimento do e-commerce que as empresas têm buscado mais mão de obra, conforme explica o porta-voz da Asserttem, Glaucus Botinha.
“Esse ano, especificamente, estamos vendo um grande crescimento das vendas online. A migração do comércio tradicional para o digital tem migrado muito o volume de contratações temporárias para os setores de indústria e de serviço, principalmente na área de logística. E essas contratações realmente crescem bem agora no final do ano. Por isso, estamos com uma expectativa positiva para esse período.”
Uma gigante do varejo do Brasil pretende contratar 3 mil temporários para o setor de logística do grupo. A maioria das vagas foi aberta em São Paulo, Minas Gerais, no Rio Grande do Sul e, ainda, no Pará. Apesar da boa oferta de vagas, o diretor de Recursos Humanos da empresa, Wiliam Miguel dos Santos, diz que não está fácil encontrar profissionais. Entre os motivos, segundo ele, estão a baixa taxa de desemprego atual e a concorrência com outras empresas pela mão de obra qualificada.
“O mercado está muito aquecido. A gente tem recorde histórico na taxa dos empregos, com muitas opções e negócios diferentes no mercado. Tem sido uma batalha para que a gente consiga contratar. Temos regiões que são polos logísticos do nosso negócio, com muitas oportunidades. Então temos que fazer diferente. Temos que criar meios para poder acessar essas pessoas que estão em busca de recolocação, em busca do primeiro emprego ou até transição de empresa.”
A varejista busca pessoas mesmo sem experiência, mas que tenham proatividade e boa integração com a cultura organizacional. Em média, de 25% a 30% dos temporários conseguem ser efetivados no grupo.
Se manter fixa é o principal objetivo da estudante de biomedicina Larissa Reis, de 22 anos. A jovem já tem experiência no setor da beleza, mas nunca teve a carteira de trabalho assinada. Larissa diz que, além de conseguir uma renda extra para os presentes de Natal, também gostaria de ter o trabalho permanente.
“Para o final do ano, a gente sempre busca conseguir um dinheiro extra no pra conseguir comprar alguma coisinha melhor pros nossos familiares, mas eu estou em busca na realidade de carteira assinada, de buscar um emprego definitivo, que possa me auxiliar no restante do ano e proporcionar segurança no início do ano e no restante.”
Para conseguir transformar a oportunidade de fim de ano em emprego, o candidato precisa demonstrar vontade, segundo a gerente de uma cadeia de lojas populares, Jacqueline Bacha. Ela diz que a empresa vai contratar quatro temporários em 2025 e que as pessoas que se destacarem podem permanecer no ano que vem.
“Aqueles que desempenharem com afinco e interesse, que quiserem aprender uma nova profissão e entrar no mercado de vendas, com certeza, esses terão a chance de ficar, porque o final do ano para o comércio é um marco. Em janeiro saem muitos contratados de férias, alguns querem mudar de profissão. É a vez dos temporários mostrarem a que vieram.”
De acordo com a Associação Brasileira do Trabalho Temporário, o desempenho positivo esperado para o setor no último trimestre do ano vem na sequência dos bons resultados ao longo de 2025. Entre julho e setembro, o país registrou cerca de 624 mil contratações temporárias, um aumento de 2% em relação ao mesmo trimestre do ano passado.
Fonte: CBN