A dívida dos brasileiros cresceu muito nos últimos anos, mas o tema não preocupa o Banco Central (BC). Isso porque o aumento da renda dos trabalhadores, financiamentos mais longos e juros um pouco menores fazem com que o pagamento mensal desses empréstimos siga praticamente estável, próximo de 20% do salário.
Levando às últimas consequências a máxima da "parcela que cabe no bolso", as pessoas físicas estão devendo mais, mas continuam pagando parcelas parecidas ao longo dos últimos cinco anos.
Dados apresentados ontem pelo diretor de política econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, mostram que os brasileiros têm, na média, uma dívida total que equivale a 41,3% do salário. Esse valor cresce ininterruptamente desde 2006, quando o total dos empréstimos correspondia a menos de 25% da renda. Ou seja, o endividamento médio dos clientes dos bancos quase dobrou em cinco anos.
Apesar disso, brasileiros seguem destinando cerca de um quinto da renda ao pagamento mensal dessas dívidas. O último dado disponível mostra que famílias usam todo mês 21,1% do salário para pagar financiamentos. Essa fatia destinada a carnês e boletos está praticamente estável desde 2006, período em que o comprometimento gira em torno de 20%.
"Percebe-se que o endividamento das famílias cresce, mas o comprometimento da renda tem se mantido", disse o diretor do BC em audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado sobre o endividamento dos consumidores. Aos poucos senadores presentes, Araújo disse que o BC não vê o tema com preocupação.
Explicou que a dívida total cresceu, mas as parcelas seguem parecidas proporcionalmente porque o prazo dos financiamentos cresceu e os juros têm caído. Além disso, o aumento de renda também explica os pagamentos mensais parecidos.