Após aplicação de injeção, mulher de 42 anos tem complicações graves de saúde

No dia 24 de março, Fabiani Martignago, de 42 anos, teve uma crise de cólica renal. Moradora do bairro Próspera, em Criciúma, ela procurou o posto de saúde 24 horas do bairro, onde recebeu soro na veia e, para aliviar a dor, uma injeção com medicamento no glúteo direito. Isto ocorreu por volta das 22 horas, porém, a dor não passou, e ela retornou à unidade de saúde por volta de meia-noite, quando recebeu mais soro e outra injeção, desta vez no glúteo esquerdo.

Na manhã seguinte, uma segunda-feira, dia 25, Fabiani estava com a região dos glúteos inchada e com vermelhidão, o que lhe fez retornar ao posto de saúde e ela foi orientada a realizar compressas de água quente no local. A situação não melhorou, ficou ainda pior, com um grande ferimento de tom escuro nos glúteos. Ela sentia dores e as manchas se estenderam para as coxas. A mulher foi internada no Hospital São José, em Criciúma, na sexta-feira da mesma semana.

No domingo, dia 31, ela passou por um procedimento de debridamento, através do qual foi realizada uma raspagem na área afetada, e seguiu direto para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), onde permaneceu até terça-feira. Mais uma vez, a situação de Fabiani piorou, ela teve infecção generalizada, e, no domingo seguinte, dia 7 de abril, ela precisou fazer um procedimento de debridamento mais intenso, sendo transferida em isolamento para a UTI cardiovascular logo em seguida.

Estes relatos são do filho único de Fabiani, Mauricio Goulart Rosa Filho. Preocupado com o estado de saúde de sua mãe, ele e o padrasto, Renan Canto dos Santos, buscam explicações sobre o que teria afetado a saúde de Fabiani. "As injeções que ela recebeu foram aplicadas no meio do glúteo. Eu mesmo já levei injeção naquela região, inclusive conversei com alguns médicos, e me disseram que o correto é aplicá-la no músculo, um pouco acima do glúteo. O líquido não foi absorvido pelo corpo, ficou acumulado e gerou uma infecção", relatou Mauricio.

De acordo com Santos, esposo de Fabiani, agora ela está fazendo tratamento de oxigenação hiperbárica, pois o oxigênio puro acelera a cicatrização do ferimento. Cada sessão custa mais de R$ 300 e ela deve fazer 20 sessões, o que gera um custo de mais de R$ 6 mil somente nesta parte do tratamento. "Somos obrigados a pagar porque é a vida dela em risco, mas vamos buscar ressarcimento, pois acreditamos que todas estas complicações foram geradas a partir de um erro, seja da médica que atendeu ou da enfermeira que aplicou a injeção", lembra Santos.

Mauricio lamenta pelo sofrimento da mãe, pois ele a acompanha diariamente no hospital. "A internação foi pelo SUS, mas tivemos muitos outros gastos. Sem contar o que virá depois. Minha mãe sempre foi muito vaidosa, ela precisará fazer enxerto de pele e passar por cirurgia plástica, provavelmente, para reparar o que aconteceu". Ele também conta que Fabiani sente bastante dor, por isso recebe doses diárias de sedativos.

Município – De acordo com a secretária de Saúde de Criciúma, Geovânia de Sá, há cerca de dez dias foi aberta uma sindicância por parte da prefeitura no posto de atendimento 24 horas do bairro Próspera. O objetivo é apurar informações sobre o que ocorreu na noite de 24 de março. "Temos profissionais muito competentes, ainda mais na área de saúde, que exige demais isso. Porém, sabemos da situação grave em que se encontra esta paciente, por isso precisamos descobrir se houve alguma falha", destaca a secretária.

Através da sindicância devem ser coletadas informações, recolhidos os prontuários, e os profissionais, familiares e a própria paciente devem ser ouvidos, segundo o presidente da comissão sindicante da prefeitura, Jailton Fernandes Caetano. O prazo inicial de conclusão da sindicância é de 30 dias, o que pode ser prorrogado por mais 60. A Secretaria de Saúde disponibilizou uma ambulância e um enfermeiro para levar Fabiani do Hospital São José até a clínica de oxigenação. "Fizemos o que estava ao nosso alcance até o momento. Em relação ao ressarcimento, orientamos os familiares para que procurem o Estado, pois o município não dispõe do tratamento de oxigenação hiperbárica", explicou Geovânia.

 

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