Emprego nos dias atuais é mercadoria de luxo. Toda situação que envolve fechamento de empresas atinge como um torpedo o comércio varejista ou atacadista que desde 2015 é estraçalhado pelas crises de mercado, políticas, etc e tal.
O próprio IBGE apontou em seu levantamento recente que este setor teve aniquilado 411 mil vagas com 80 mil empresas fechadas. Não existe piedade, sofrem trabalhadores e empresários. Claro que a classe mais prejudicada é do assalariado que acaba atrasando contas e seguindo para o subemprego que vem ultrapassando os 28 milhões de pessoas no Brasil.
Cenário de tragédia econômica muito vista em sinaleiros com tantos ambulantes. Há o entrave do sistema financeiro pela falta de renda fixa da grande massa consumidora.
Estamos acompanhando nos últimos dias com preocupação a CPI do Fim dos Incentivos Fiscais coordenada pela Assembleia Legislativa do Estado de Goiás. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou, na última semana, a revogação total de benefícios para indústrias do setor automotivo e de crédito outorgado para os setores têxtil e de usinas de álcool.
O que temos com isso, visto que a medida é direcionada às indústrias? Tudo, porque somente o setor do álcool será atingido em 18 municípios goianos e quem administra fala em mandar embora seus trabalhadores. O rolo compressor começa a girar esmagando de imediato quem vende roupas, sapatos, eletroeletrônicos e até os supermercados. Quem perde o emprego, pode ser resiliente, mas não faz milagre.
Mais: Como entidade sindical, fomos alertados que o comércio deverá ser o próximo inimigo da vez para os legisladores. Diante de tal situação, empresas que têm Centro de Distribuição de produtos na Grande Goiânia, trabalham em cima de planilhas com plano B. A aridez dos gráficos deverá prever o corte de 2 mil empregos à partir de janeiro de 2020, pois estas vagas migrarão para onde estas empresas forem como Brasília, Minas Gerais e Tocantins..
O Estado como forma organizacional política precisa adequar às realidades e não fechar os olhos aos desatinos da conveniência de outros tempos políticos, mas é necessário ter uma visão de cima do resultado e apresentar possibilidades para que os efeitos da bomba não sejam de longo prazo.
No comércio, vale ressaltar, que a cada açoite econômico a sua recuperação não acontece em um curto prazo. Diante da falência de mercado de uma cidade é complicado apontar tempo de retirada dos escombros do que um dia foi uma segurança de vida: O emprego.
Eduardo Amorim – Advogado Trabalhista, Presidente da Federação dos Trabalhadores no Comércio nos Estados de Goiás e Tocantins (FETRACOM GO/TO) e Sindicato dos Empregados no Comércio de Goiás (SECEG).