Assédio moral afeta até os familiares de vítimas

 

Assédio moral afeta até os familiares de vítimas

 

Wanessa Rodrigues
 
O bancário Benedito Carlos da Silva, de 44 anos, foi aprovado em concurso público para trabalhar em uma instituição bancária há cinco anos. Mas a alegria da estabilidade no emprego veio acompanhada de um problema: o assédio moral. Inexperiente na função, ele começou a sofrer pressão e cobranças em excesso do gestor de sua área.
 
Com a situação já insustentável, o bancário se impôs e conseguiu reverter o quadro. Hoje, ele consegue trabalhar com tranquilidade. 
 
Apesar de essa situação ser mais comum do que se imagina, não só em agências bancárias, mas em diferentes segmentos, nem todos os trabalhadores conseguem se impor diante do assédio moral, configurado por situações vexatórias, missões impossíveis ou alfinetadas na autoestima.
 
Dados da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Goiás mostram que 45% das 53 conciliações realizadas pelo órgão no ano passado são referentes ao assédio moral. 
 
Benedito conta que, diante da pressão por conseguir realizar o trabalho com agilidade e alcançar metas “inatingíveis”, ele não conseguia dormir, sonhava com o trabalho e acabava por chegar todos os dias cansado à agência. “Além disso, eu saía abalado do trabalho e sentia que ia acabar adoecendo, o que não prejudicaria só a mim, mas a minha família também”, relata.
 
E é justamente esse o problema mais grave, segundo a psicóloga especialista em clínica organizacional Mara Suassuna. A repetição de atitudes indevidas por parte de quem está acima na hierarquia  das empresas não só torna insustentável a permanência no emprego como também afeta a saúde do empregado.
Mara explica que esse tipo de assédio pode resultar em transtornos de ansiedade, depressão e síndrome do pânico nas vítimas. Ela lembra ainda que o cenário pode ser transferido para a vida pessoal e afetar a família do trabalhador.
 
Mara explica que o assédio parte, em primeiro lugar, de uma questão da própria sociedade atual, que é capitalista, extremamente competitiva e que visa cada vez mais o lucro.
 
Aliado a isso, está o fato de que, como as pessoas têm princípios éticos e morais diferentes, muitas delas não aceitam ser contrariadas. “E essa associação leva às pressões e, consequentemente, a falhas emocionais. Por isso também vemos tanta rotatividade nas empresas, pois nem sempre os trabalhadores são tratados com respeito”, diz.
Facebook
Twitter
LinkedIn