O Brasil registrou em 2015 sua pior colocação no levantamento anual do instituto de pesquisa suíço IMD divulgado na quarta-feira, que mede a capacidade de desenvolver, atrair e reter talentos. No ranking global, o Brasil perdeu cinco posições caindo para 57º lugar. Sua melhor classificação ocorreu em 2005, quando chegou a 28ª posição no ranking. O estudo engloba 61 países e foca três categorias: investimento-desenvolvimento, atração e prontidão.
O item no qual o Brasil mais se destacou é o da colocação e participação das mulheres no mercado de trabalho, que avançou de 43,11% para 49,65% nos últimos dez anos..
Para Jaqueline Rasmussen, professora de atração e seleção de talentos na Fundação Getulio Vargas e gestora de recrutamento e seleção de pessoas do Grupo EMPZ, a pesquisa é coesa. “A maioria dos clientes não fazem distinção de gênero na hora da contratação, portanto, quem tem maior qualificação fica com a vaga. Por esse fator, as mulheres conseguem se inserir e acabam se destacando em vários segmentos, ocupando cada vez o mercado de trabalho.”
Já o item em que o País aparece na pior colocação é o do sistema educacional – o último lugar no ranking global.
“A ideia para se reverter esse quadro seria uma mudança drástica na educação de base. Isso seria o ideal, mas acredito que está muito longe de acontecer”, opina Jaqueline. “A falta de qualidade na educação base, reflete visivelmente no profissional”, completa.
No quesito crescimento da força de trabalho, o Brasil viu seu indicador desmoronar bruscamente, de 4,57% em 2005 para -0,05% em 2015. Assim como a nota sobre a disponibilidade de trabalhadores qualificados que, no mesmo período de comparação, caiu de 5,34 para 3,11.
“Percebemos uma distância muito grande entre o ensino acadêmico e o mercado de trabalhado prático”, relata Jaqueline. Ela acrescenta ainda que o país não possui uma cultura voltada para a retenção de talentos. “Temos a teoria, mas ela está muito longe da prática. Portanto, o resultado da pesquisa, infelizmente é a realidade”, conclui.