A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS) debateu na tarde desta terça-feira (14/06) o impacto econômico no Comércio e na Indústria em relação ao aumento do índice de desemprego. Foram convidados para comentar sobre o assunto os representantes do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Douglas Finardi e Marcos Otávio Bezerra; o Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental do Ministério do Trabalho e Previdência Social, Mário Magalhães; e o Gerente Executivo de Políticas Econômicas da Confederação Nacional da Indústria, Flávio Pinheiro.
O assunto se faz atual durante este período de crise econômica pelo qual o país se encontra. Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Comércio conferiu redução de mais de 199 mil postos de trabalho neste ano. O setor industrial não teve resultado diferente e apresentou um saldo negativo de 85,8 mil empregos.
A forte deterioração do mercado de trabalho tem apresentado efeitos negativos no desenvolvimento dos setores e sendo considerado como uma das barreiras para o crescimento do país.
Mário Magalhães demonstrou os dados atuais do trabalho. Segundo o especialista do Ministério do Trabalho, a renda do trabalhador é um determinante capaz de explicar a maior oferta de mão de obra sobre a demanda por trabalho, assim como a redução do número de empregadores em 2015.
Magalhães recordou a intensa geração de empregos nos últimos anos, mas que a partir de 2008, por conta da crise econômica mundial, o ritmo do desenvolvimento do mercado de trabalho caiu até atingir os níveis negativos de 2015 e 2016. Para ele ainda não existem sinais de reversão do quadro de desemprego.
O Diretor de Comércio e Serviços do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Douglas Finardi, falou da magnitude do Comércio e Serviços para o mercado de trabalho brasileiro, que respondem por 66,4% do total de empregos formais.
Para Finardi, o “boom” do consumo na última década contribuiu para o forte crescimento do setor. Em relação à conjuntura econômica menos favorável, os segmentos dentro do Comércio mais dependentes do crédito são os primeiros a apresentar sinais de retração, como as vendas de veículos e eletrodomésticos.
Para Flávio Pinheiro, de acordo com os índices de expectativas elaborados pela CNI o país já atingiu o “fundo do poço” e que existem sinais de recuperação da economia. Entretanto, os níveis de intenção de investimentos ainda estão reduzidos e não indicam sinais de reação.
Índices de confiança são importantes para projetar o desempenho da economia no futuro ao avaliar as intenções de consumo das famílias e de investimento das empresas. Se as famílias não consomem, consequentemente a receita das empresas cai e o quadro de desemprego se agrava. E se as empresas retém lucro e não investem comprometem negativamente o crescimento econômico no longo prazo.
Pinheiro disse que a tendência de queda no número de postos de trabalho no setor é reflexo da perda do dinamismo da Indústria desde 2013.
Para frear a tendência de queda do mercado de trabalho, Pinheiro considerou relevante reverter a situação de desajuste fiscal que contaminou a expectativa dos empresários. Para isso ele afirmou como soluções o incentivo à competitividade da indústria brasileira em relação aos competidores internacionais e a adoção de regimes de trabalhos adequados ao século XXI.