Em clima de despedida, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que termina sua gestão com a convicção de entregar o País com a menor taxa de desemprego da história e a economia mais firme e sólida do que a recebeu.
Um dos principais responsáveis pela chamada “contabilidade criativa” das contas públicas no governo Dilma Rousseff, o ministro, que será substituído por Joaquim Levy, fez a afirmação ao receber homenagem da Academia Brasileira de Ciências Contábeis.
“Como estou terminando minha gestão à frente do Ministério da Fazenda, acabarei fazendo um balanço, uma avaliação rápida, do que foi esse período no governo”, disse Mantega.
No discurso, o ministro criticou a política econômica anterior à de Lula (2003-2010), ao dizer que entrou no governo “com a economia abalada” e o País “com os cofres vazios e com o pires na mão”.
Depois, atribuiu os problemas recentes econômicos do País à crise internacional e defendeu sua gestão, que classificou como bem-sucedida.
“Enquanto muitos países trilharam o tortuoso caminho da ortodoxia, fizemos uma corajosa política anticíclica que manteve ritmo razoável de crescimento para momentos de crise”, disse. Segundo o ministro, para a classe média, praticamente não houve crise.
O motivo da homenagem ao ministro foi a publicação de portaria, em 2008, sobre as diretrizes a serem observadas no setor público quanto a procedimentos e divulgação das demonstrações contábeis. Sobre esse assunto, Mantega disse que essa legislação deu início a um processo, ainda em curso, de modernização da contabilidade do País.
Afirmou ainda ter adquirido mais conhecimento sobre o assunto durante seu trabalho na Prefeitura de São Paulo no governo Luiz Erundina (1988-1991), na Secretaria de Planejamento.
ENCONTRO
No final da tarde, Mantega recebeu Levy, seu sucessor no comando da Fazenda. O futuro ministro disse a interlocutores que o encontro foi o início do processo de transição, que deve continuar por tempo indeterminado. A posse ainda não foi marcada e dificilmente ocorrerá na semana que vem. Nos bastidores, fala-se agora na hipótese de Levy e Nelson Barbosa (Planejamento) só assumirem seus postos na Esplanada no fim do mês ou em 1º de janeiro.