As autoridades municipais e os representantes do setor produtivo da região metropolitana de Goiânia (RMG) devem se reunir hoje (5) para discutir continuidade da validade do decreto que instituiu as medidas mais restritivas para a contenção da pandemia da Covid-19. A contar pelas taxas de ocupação das unidades de terapia intensiva (UTIs), que é o critério contido no documento como válido para discutir a flexibilização, o decreto continuará válido por mais uma semana, visto que o índice se mantém acima de 95%. No entanto, os representantes do empresariado alegam que não há mais como manter empregos e empresas por mais uma semana sem funcionamento.
O argumento dos empresários será de instituir regras rígidas em protocolos que permitam o funcionamento das empresas, mesmo com restrições de horários ou dias. Enquanto que as autoridades sanitárias de Goiânia e Aparecida de Goiânia, que são as maiores da RMG, alertam que as taxas de ocupação de todas as UTIs das cidades ainda estão acima de 95%, contando os leitos municipais, estaduais, federais e privados. Pelo decreto, a flexibilização poderia ocorrer se a taxa ficasse abaixo de 70% por cinco dias consecutivos.
No fim da semana passada, a instituição do decreto contou com o apoio do setor produtivo, que alegou entender a necessidade do momento de paralisação, observada a aceleração da pandemia e a falta de leitos hospitalares. Agora, no entanto, a situação é diferente. O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Rubens Fileti, afirma que a expectativa do setor é de reabertura. “Se ficar mais uma semana fechado não conseguimos (manter empregos), vai ter demissões e fechamentos. A ideia é voltar todo mundo, mesmo com restrições”, alega.
De acordo com Fileti, caso a opção das prefeituras seja manter as empresas fechadas vai ocorrer o cumprimento visto ser uma determinação legal, mas sem o apoio do setor. “Tem muita gente funcionando, a desobediência civil está aí, não é o que gente pede porque a lei tem de ser cumprida, mas vemos o trânsito do mesmo jeito, praças e parques lotados. Dentro das empresas não se vê o problema, não podemos ficar mais uma semana sem funcionar”, diz.
Técnicos do Paço Municipal estranharam o posicionamento do setor empresarial. Eles alegam que já havia a tendência de manter as medidas restritivas pelo total de 14 dias desde a discussão do decreto, sendo de conhecimento dos empresários. “Não durou nem 24 horas o apoio do setor. O decreto foi na segunda-feira e na terça já estavam aqui discutindo a reabertura”, conta um auxiliar do Paço sobre a proposta de flexibilização apresentada pelo Fórum Empresarial de Goiás. Assim mesmo, o posicionamento da Prefeitura tende a ser de manter o decreto, podendo discutir a abertura de atividades pontuais, como das óticas.
O Paço também já vem discutindo com os vereadores pela manutenção das restrições. Existem reuniões pontuais com os parlamentares em busca de um apoio neste posicionamento. Nas reuniões, prevalece a ideia de que o momento não permite a defesa irrestrita das atividades econômicas, já que persiste a fila de pessoas à espera de um leito para tratamento da Covid-19. Ao mesmo tempo, quanto a Goiânia, o Paço vai argumentar que atua no aumento da velocidade da vacinação. O prefeito Rogério Cruz (Republicanos) esteve ontem (4) em Brasília visitando a sede da indústria que deve fabricar a vacina Sputnik, de tecnologia russa.
Já os empresários utilizarão o argumento da necessidade de aumento de leitos hospitalares e que isso já teria iniciado nesta semana, com a informação de que Goiânia contratou 100 novos leitos e Aparecida outros 50, o que diminuiria a taxa de ocupação. A ideia é que com a tendência de queda, a partir desses novos leitos, já seria possível uma reabertura, não precisando chegar aos 70%, de acordo com o setor empresarial e com parlamentares ligados ao setor produtivo metropolitano.
O presidente da Acieg alega que é necessária uma reabertura com restrições, tais como a instituição do toque de recolher das 22 horas às 5 horas. No entanto, para ele, é necessário que todos os setores possam funcionar. “O maior problema ocorre nas festas clandestinas, isso que tem de ser mais fiscalizado. Tem que voltar todo mundo, não apenas alguns setores”, diz. Para ele, a volta pode ocorrer mesmo que em horários reduzidos de funcionamento ou até em dias alternados ou em escalonamento por regiões da cidade.