Há no mercado uma expectativa de reversão dos níveis historicamente baixos de desemprego no País. Na avaliação de analistas, o crescimento do desemprego é “o problema” a ser enfrentado pela presidente no segundo semestre deste ano e pode derrubar um dos principais pilares de sustentação para a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014.
Além dos impactos políticos, o crescimento do desemprego traria uma queda no consumo, uma retração ainda maior da atividade e ampliaria o ciclo negativo para o já pequeno crescimento econômico do País deste ano.
“O emprego é ‘o problema’, a questão crucial para a presidente Dilma Rousseff, porque o desemprego crescente abala qualquer governo, ainda que a taxa de ocupação siga em patamares altos. Mas entrar em 2014 com cenário desfavorável é muito perigoso”, disse Vitor Marchetti, cientista político e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC).
Dados da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) apontam que a indústria paulista teve um saldo de 4,5 mil demissões em junho ante maio e atingiu um saldo de 28 mil demissões no acumulado de 12 meses até junho. Já pesquisa CNT/MDA mostrou que a expectativa positiva de emprego da população para os próximos seis meses caiu de 39,6%, em junho, para 32% neste mês.
Para Marchetti, o crescimento do desemprego ameaça a reeleição de Dilma mais do que a crise social surgida após as manifestações de rua iniciadas em junho. “Os partidos conseguiram absorver a pauta das manifestações e não serão os protestos que vão impactar nas chances da reeleição, mas sim a política econômica e os efeitos negativos como um possível crescimento do desemprego”, diz.
SAÍDA – Na avaliação dos analistas, o governo monitora com cuidado a questão e deve retomar as medidas de incentivo, como as desonerações já feitas no passado e os incentivos às obras de infraestrutura geradoras de postos de trabalho, para estimular a economia e evitar o impacto político do crescimento do desemprego.
“O desafio é manter a atividade minimamente aquecida para não deteriorar o mercado de trabalho. Por outro lado, é o principal empecilho para governo sustentar outra agenda, que é a melhoria do campo fiscal”, resumiu Rafael Cortez, da Tendências Consultoria.