Pelo segundo ano consecutivo em Goiás, todas as categorias de trabalhadores que negociaram reajustes de salários no primeiro semestre do ano conseguiram aumentos acima da inflação. E os dados de 2012 são ainda melhores do que os do ano passado, porque, desta vez, as convenções coletivas entre patrões e empregados resultaram em índices mais robustos que os de antes.
Pela primeira vez, em cinco anos, houve segmentos que obtiveram mais de 5% de aumento (veja quadro) acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que é a inflação calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), responsável pelo balanço divulgado ontem, quatro fatores contribuíram para o resultado positivo.
SECEG: atuação sindical
Além da evidente atuação sindical nas negociações, a instituição cita como fator de influência a queda da inflação para um patamar controlado, a manutenção do nível de emprego e, principalmente, o aumento real do salário mínimo, que exerce grande influência nas discussões coletivas de classes com menores salários. Os trabalhadores da indústria de construção civil aproveitaram desse bom momento e conseguiram reajustes ainda mais significativos para este ano.
Após diversas discussões, que levaram ao atraso do acordo para depois da data-base, a categoria obteve aumento de 11% para cargos de escritório, administrativos e mestre de obras, e de 13,9% para os profissionais de obra. As informações são do presidente da Federação dos Trabalhadores da Construção e Mobiliário nos Estados de Goiás, Tocantins e Distrito Federal, Patrocínio Braz Concentino.
Para os funcionários do comércio de Goiás, o reajuste foi de 6,5%, enquanto a inflação no período anterior (abril de 2011 a março de 2012) foi de 5,97%. Tem sido assim nos últimos três anos, afirma o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Goiás (Seceg), Eduardo Amorim. Entretanto, ele prefere manter o pé no chão na hora de avaliar o resultado.
“É uma boa notícia, se analisarmos o dado isoladamente, porque mostra que houve uma recuperação de salários além do que a inflação corroeu. Mas isso só ocorre diante de uma economia estável. Se houver uma sazonalidade da inflação, esses dados podem dar um falso sentimento de ganho real”, afirma.
Amorim ressalta que o Seceg luta para que todas as categorias unifiquem suas datas-bases (que é a data fixada no ano para o reajuste) e que elas sejam definidas na mesma época do salário mínimo. “Não será uma indexação ao salário mínimo, porque isso não é permitido. Será apenas uma forma de aumentar a nossa capacidade de negociação. Hoje, existem diferenças de cidades, de datas e outras influências que acabam minando o poder de negociação”, explica Amorim.
Nos seis primeiros meses do ano, foram realizadas 17 convenções coletivas em Goiás. Segundo o Dieese, ainda faltam as negociações entre patrões e empregados da metalurgia de Catalão, bancários, funcionários da Celg e da área de gás liquefeito (GLP).