Os empresários goianos estão muito ansiosos para reabrirem seus negócios e voltarem à rotina normal em suas atividades econômicas. Apesar disso, existe um clima de insegurança, pois eles ainda não sabem como o consumidor irá se comportar neste retorno ao mercado. Uma pesquisa feita com 1.830 empresários mostrou que 34,3% não conseguiram informar como irão reabrir. Além disso, 20% dificilmente irão retornar ou estão com muita dificuldade para isso.
A pesquisa Impacto econômico do coronavírus nos empresários de Goiás, feita pela Grupom Consultoria Empresarial, em parceria com a Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado (Facieg), foi feita por questionário em meio eletrônico e revelou que 70% das empresas tiveram queda de mais de 80% no faturamento por causa da pandemia e as medidas de isolamento social. Metade delas tiveram as atividades completamente suspensas.
Além disso, cerca de 86% dos empresários disseram que estavam preocupados ou muito preocupados com a situação. Mario Rodrigues Neto, diretor técnico da Grupom, lembra que muitos empresários não sabem se terão clientes, quanto precisarão de estoque, quantos funcionários convocar ou como será o giro quando puderem reabrir. “Andando nas ruas, pelo movimento, até parece que estamos em dias normais. Mas a pergunta é se as pessoas já estão comprando”, destaca.
Ele dá o exemplo da reabertura das academias, pois um limite de 30% da capacidade pode não ser suficiente para cobrir os custos de operação destes estabelecimentos, como aluguéis e salários de funcionários. Além disso, pesquisas feitas com consumidores já revelaram que a maioria não pretende voltar a comprar de imediato com a reabertura. “Por isso a preocupação com o comportamento do consumidor neste processo de reabertura. Uma loja de sapatos, por exemplo, precisa vender uma quantidade mínima de pares por dia para ser viável”, explica.
De acordo com a pesquisa, as empresas precisarão, em média, de 73 dias para retornar para suas atividades principais. Para o presidente da Facieg, Ubiratan da Silva Lopes, o que mais tem deixado os empresários inseguros, principalmente no interior do Estado, é a falta de informações confiáveis. Enquanto os grandes e médios estão mais preparados, a insegurança é maior entre os micro e pequenos negócios. A maior preocupação é com o volume de vendas. “Muitos fizeram acordos para redução de aluguéis durante o fechamento e temem não ter vendas suficientes para arcar com o valor normal na reabertura”.
Outra preocupação é com o custo integral da folha de pagamento, pois muitos funcionários tiveram os contratos suspensos pela MP 936. Por isso, Ubiratan acredita que muitas empresas não conseguirão voltar ao trabalho, o que vai impactar os números do desemprego.
Incerteza
Para o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado (FCDL), Valdir Ribeiro, tudo é muito novo, o que gera insegurança. Ele lembra que muitos empresários estão trabalhando apenas no sistema delivery, não têm a confiança de que dará tudo certo nesta reabertura e de que voltarão ao normal. “Tudo é incerto no momento, pois o próprio consumidor está evitando sair e comprar, muitas empresas nem sabem quando poderão reabrir e quando a crise irá passar.”
Uma das maiores dúvidas é se a estabilização do mercado se dará daqui a um ou dois meses ou mesmo se daqui a um ano. Além disso, muitos empresários nem sabem se conseguirão sobreviver a esta situação, pois não estão conseguindo ter acesso às linhas de crédito emergencial. “Mesmo quem não precisou fechar, já está sentindo algum reflexo de tudo isso”, diz Valdir.
Apesar da insegurança, o presidente da Associação de Bares de Restaurantes de Goiás (Abrasel), Fernando Jorge, acredita que é preciso voltar até mesmo para entender como será essa nova normalidade nos negócios. Segundo ele, algumas indústrias de bebidas estão oferecendo parcerias para ajudar nesta retomada. “Muitos negócios terão que se reinventar agora e teremos que passar mais segurança para os clientes”, avalia.