Enel: Goianos ficaram mais tempo no escuro em 2021

As quedas de energia voltaram a impulsionar as reclamações dos goianos junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que é o último nível procurado pelos consumidores para formalizar as queixas. Uma insatisfação que tem relação com a queda no desempenho da Enel Distribuição Goiás.

Diferente dos últimos três anos, a companhia apresentou, em 2021, uma piora no indicador referente à duração equivalente de interrupção no fornecimento (DEC). Os clientes ficaram mais tempo no escuro, em média 18,76 horas, ante 16,49 horas registradas em 2020, segundo dados da reguladora.

Neste cenário, as reclamações sobre interrupção também cresceram – 37,26% em um ano. De acordo com a Aneel, passaram de 2.249 para 3.087 e são as principais queixas no Estado.

No total, contra a Enel Goiás, foram 8.222 registros, contra 6.923 em 2020. O funcionário público Marcelo Matos, de 55 anos, está nesta lista de consumidores insatisfeitos que procuraram a distribuidora, a ouvidoria da empresa e, por fim, a agência reguladora para tentar solucionar um problema. A falta de energia queimou a geladeira.

“Tive prejuízo porque viajei por 20 dias e quando voltei estava tudo apodrecido. Tive de trocar a placa que queimou. Entrei com processo de reembolso, mas como exigem uma data específica não foi possível, porque não tinha como indicar”, pontua sobre a ocorrência de dezembro. No mês seguinte, as oscilações fizeram ele retirar o aparelho já consertado da tomada para evitar nova dor de cabeça. “É um absurdo, cai e volta várias vezes em qualquer clima e somos reféns de uma empresa que detém um monopólio.”

Ele teve de desembolsar R$ 460 para o conserto. Em resposta para a reportagem, a Enel informou que apura o processo de ressarcimento, mas que fez busca aproximada no período e não encontrou evento que pudesse ter causado a queima de equipamentos. A distribuidora afirmou que entrará em contato com ele para auxiliá-lo.

Já sobre as oscilações percebidas no Setor Bueno, onde Marcelo mora, a informação é de que no dia 27 de janeiro houve falha devido a um cabo partido. A empresa diz que faltou energia por menos de 3 minutos e depois ocorreram manobras que geraram os “piques”. O reparo foi concluído no dia 28 de janeiro.

Interrupção

Desde que o grupo italiano assumiu a antiga Celg-D, em 2017, o indicador de qualidade DEC apresentou melhorias ano a ano. Os goianos saíram de 32 horas em média no escuro para 16,49 horas, em 2020. Mas 2021 contrariou a trajetória. De acordo com o diretor de Infraestrutura e Redes da Enel Goiás, José Luis Salas, o motivo está no clima. Descargas elétricas, ventos e chuva deixaram a rede mais suscetível às falhas, especialmente nas áreas rurais. “Temos um grande desafio, a rede é enorme, equivale a cinco vezes a volta na Terra. Só perde dentro do grupo para a rede da Itália, que é um país.”

Ele ressalta que somente de janeiro a dezembro de 2021 fizeram investimentos que somam R$ 1,48 bilhão e, no total, mais de R$ 5 bilhões já foram destinados para melhoria dos serviços, enquanto no leilão a empresa foi arrematada por R$ 2,1 bilhões. “Isso mostra o compromisso com plano de qualidade”, defende ao citar que obras de infraestrutura e automação da rede devem permitir redução do tempo de espera dos consumidores pelo retorno da luz.

“O tema DEC tem elementos que não estão nas mãos da distribuidora, ainda mais em um sistema que estamos recuperando, que foi subinvestido por mais de 12 anos.”

Outro fator que ressalta é a demanda por energia, cujo pico ocorria nos meses mais quentes, agosto e setembro. Ele diz que, em 2021, o aumento do consumo começou desde março. “O goiano não percebeu porque não teve falta de energia pelos investimentos dos últimos quatro anos. Se em 2017 acontecesse isso, não iria ter saída que não desligar carga para passar o pico. Não fizemos isso em nenhum momento.”

Sobre as reclamações à Aneel, Salas diz que a quantidade de reclamações totais (QRT), que não envolve somente aquelas feitas à agência, tiveram recuo nos últimos anos. “Antes tínhamos 23 reclamações para cada 10 mil unidades consumidoras e passou para 12 reclamações no primeiro nível”, explica sobre o que chega diretamente para a empresa. “Evidentemente, continuamos trabalhando para melhorar, aumentamos os canais digitais para os clientes entrarem em contato.”

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