A era das lâmpadas incandescentes de 60 watts, aquelas de iluminação amarelada presente em boa parte das residências, chegou ao fim. A fabricação das mais tradicionais lâmpadas do País está proibida desde o dia 30 de junho, mas o consumidor ainda encontra o produto enquanto durar os estoques dos pontos de vendas, desde que não ultrapasse o dia 1º de julho de 2015, data em que não serão mais permitidas as vendas no varejo.
Isso ocorre em função da portaria interministerial 1007, de dezembro de 2010 dos Ministérios de Minas e Energia, da Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento, que estipulou índices de eficiência para esses produtos. As incandescentes possuem curta vida útil e elevado consumo de energia (veja quadro).
Com objetivo de substituí-las por modelos mais econômicos, todas as lâmpadas comuns incandescentes, exceto as com potência igual ou inferior a 40 watts, específicas para estufas, as que são refletoras, defletoras ou espelhadas, serão retiradas do mercado. Vale lembrar que os modelos de 61 watts já não podem ser fabricados ou importados.
Para o engenheiro eletricista e professor de instalação elétrica do curso de arquitetura e urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Orlando Lisita, essa medida demorou a ocorrer no País. “Outros países já a adotaram há muito tempo. Essa lâmpada é antieconômica.”
O modelo incandescente transforma apenas 10% da eletricidade em luz e gasta mais energia elétrica que outras tecnologias disponíveis no mercado. “No lugar de usar uma lâmpada você está utilizando é um aquecedor”, diz.
Em sua análise, essa medida traz benefícios para o bolso do consumidor, para o governo (menor investimento em linhas de transmissão e geração de energia) e para o meio ambiente. “O consumidor vai precisar de menos lâmpadas”, diz.
Para o professor, atualmente, ao se observar a relação custo benefício, as lâmpadas fluorescentes compactas são as melhores alternativas para a substituição das incandescentes. Isso porque os valores são mais acessíveis, a vida útil é mais longa, além de não precisar fazer nenhuma alteração na instalação. “Elas têm a mesma base.”
ECONOMIA – O motorista Nixon André de Abreu Oliveira de puxar pela memória quando começou a trocar em sua residência as lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes compactas. Segundo ele, foi no apagão de 2001, quando a população foi obrigada a mudar seus hábitos de consumo em função de um risco de corte de energia elétrica. “Naquela época as lâmpadas fluorescentes eram muito caras. Por isso, fui trocando aos poucos até completar todos os cômodos da casa”, lembra.
O motorista diz que não vai sentir nenhuma saudade, já que a iluminação das lâmpadas fluorescentes é mais eficiente, e acredita que economiza no talão de energia. “Estou de olho nas lâmpadas de LED, mas estou esperando o preço cair.”
O professor Orlando Lisita compartilha da observação de Nixon. Embora as características dessa tecnologia sejam atraentes, o preço ainda é considerado uma desvantagem. Em cinco anos, acredita, ela estará mais popularizada e com preços mais acessíveis. “Ainda não vale a pena em função do preço, mas no futuro será comum a presença delas nas residências”, diz.
Nas contas de Orlando, em um ano, as lâmpadas incandescentes de um cômodo de uma residência precisam ser trocadas, em média, três vezes, situação que não ocorre com as fluorescentes.
SEM ESCOLHA – Para o engenheiro agrônomo Márcio Antônio Moraes, essa conta não está batendo. Ele afirma que está decepcionado com a vida útil das lâmpadas fluorescentes. “Já comprei várias marcas e não estão durando muito”, diz. Ele explica que a economia no talão de energia não cobre a diferença de valores entre as lâmpadas incandescentes e as fluorescentes. “Elas (as fluorescentes) são até dez vezes mais caras”, afirma.
Para ele, a medida do governo interfere na relação do poder de escolha do consumidor em frente às gôndolas dos pontos de venda. “Ficamos sem opção e agora temos de comprar as mais caras.”