Goiás perdeu 24.551 postos de trabalho de carteira assinada em 2015, segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Foram admitidos, 655.573 trabalhadores, enquanto 680.124 foram demitidos. No Brasil foram perdidos 1,542 milhão de empregos, pior índice da série histórica do Caged, iniciada em 1992.
O número é equivalente ao declínio de 1,99% no estoque de trabalhadores em relação a 2014, porém o índice é menor do que nos demais Estados do Centro-Oeste. No ranking das cidades que apresentaram saldo negativo, Goiânia se destaca na primeira posição (veja quadro). E é nesse cenário de aumento do desemprego que, consequentemente, cresce a informalidade.
O economista Wesley Barbosa explica que pelo menos metade dos profissionais demitidos em 2015 está trabalhando informalmente. “Sem emprego, essa é o modo encontrado para sobrevier. As pessoas estão prestando serviços, vendendo churrasquinhos e migrando para as feiras da capital. A informalidade tem crescido constantemente em Goiás”, afirma.
Com quatro anos de mercado, o engenheiro civil Fellipe Graciano, 24 anos, foi demitido no ano passado. Desempregado, ele fez vários cartões de anúncio e trabalha desde então de forma autônoma. Fellipe realiza projetos, levantamento, regularização de obras e vistoria de imóveis. “A ideia é trabalhar de modo informal até as empresas voltarem a investir e aquecer o mercado de trabalho”, diz o engenheiro.
Setores
Fellipe não foi o único demitido. A construção civil ocupa a segunda colocação, com menos 10.880 postos de trabalho, entre os setores de atividade que mais contribuíram para o resultado goiano. Em seguida aparece a indústria de transformação, menos 13.356 postos. O economista da Fieg, Claudio Henrique de Oliveira, explica que os mesmos setores fecharam 2014 com saldos positivos, o que significa uma adequação ao ambiente vivido em 2015.
“No ano passado, os setores sofreram influência maior da elevação dos custos de matéria-prima devido à alta do dólar e inflação, e do desaquecimento da economia nacional. Não significa que os setores estejam caminhando para uma crise. O que há é adequação à realidade atual”, diz Claudio.
O setor de transformação foi afetado pelos saldos negativos da indústria química de produtos farmacêuticos, veterinários e perfumaria (- 3.606 postos), produtos alimentícios e bebidas (- 1.636), e da indústria têxtil (-1.500). Segundo Claudio, as retrações no setor da construção se deram devido a falta de investimento dos governos e das grandes companhias, em função dos escândalos da operação Lava Jato e dos ajustes realizados pelo governo federal.
Em contrapartida, o setor de serviços fechou com saldo positivo de 2.172, seguido pela agropecuária (1.787) e administração pública (77). “Há muita migração de trabalhadores demitidos em outras áreas para o setor de serviços, que, se comparado a outros setores, tem sentido menos as variações de custos”, diz o economista.
Claudio afirma que não há perspectiva de recuperação da perda dos postos de trabalho no primeiro semestre de 2016. Ele analisa que se houver melhorias serão no segundo semestre, mas ainda assim de forma gradativa.