Fusão entre Sadia e Perdigão é aprovada

Acordo prevê a suspensão da venda de alguns produtos da marca Perdigão. Fusão, feita em 2009, foi aprovada pelo Cade em sessão nesta quarta-feira, 13.

Fábio Amato Do G1, em Brasília

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira (13), por quatro votos a um, a fusão entre Sadia e Perdigão, que deu origem à Brasil Foods (BRF), maior produtora de alimentos processados do país.
 
A sessão de julgamento da fusão, prevista para ter início às 10h, começou com uma hora de atraso para que fosse finalizado o acordo entre BRF e Cade que possibilitou a aprovação do negócio.

O relatório do conselheiro do Cade Carlos Ragazzo, apresentado no início de junho, havia defendido o veto à fusão entre Sadia e Perdigão alegando que a concentração de mercado da BRF geraria aumento de preços de alimentos e de inflação. Desde então, BRF e Cade fizeram 12 reuniões até chegarem ao acordo.

Acordo
O acordo aprovado pelo Cade prevê a suspensão da venda de produtos da marca Perdigão, entre eles presunto, pernil, tender, linguiça e paio (3 anos), salame (4 anos) , lasanhas, pizzas e congelados (5 anos).

 Além disso, a Batavo terá que suspender a venda, por quatro anos, de produtos derivados de carnes processadas, entre eles hambúrgueres e salsicha. A BRF também fica obrigada a alienar cadeias completas de produção, incluindo dois abatedouros de frangos e outros dois de suínos.

O acordo prevê ainda a proibição de que a BRF lance novas marcas para substituir aquelas que estão sendo suspensas.

De acordo com o conselheiro do Cade Ricardo Ruiz, as alienações equivalem à produção de 730 toneladas/ano de alimentos ou 80% da produção da Perdigão voltada ao mercado brasileiro. A decisão não afeta as exportações da BRF.

Ruiz apontou que as medidas aplicadas pelo Cade pretendem ser uma vacina contra concentrações econômicas da BRF em mercados "problemáticos" e visam dar a oportunidade de entrada de uma terceira empresa com condições de competir no setor e de ser uma verdadeira concorrente da BRF.

Voto contrário
O conselheiro Carlos Ragazzo manteve seu voto contrário à fusão. Ele lembrou trecho de seu relatório que aponta que a tendência dos consumidores, com a ausência de produtos da Perdigão, é migrar para os da Sadia, e que a o acordo não garante competitividade no setor.

Na avaliação de Ragazzo, marcas como Batavo não têm condição de competir com a BRF e apenas a alienação da Perdigão seria capaz de tirar mercado da BRF e trazer competição para o setor.

Reunião
Representantes da BRF e conselheiros do Cade lados estiveram reunidos até pouco depois das 21h desta terça-feira acertando os últimos detalhes do acordo para evitar que o órgão antitruste vetasse a fusão.

A fusão entre Sadia e Perdigão foi anunciada em 2009, mas as negociações entre a BRF e o Cade se intensificaram a partir do início de junho passado, quando relatório apresentado pelo conselheiro do Cade Carlos Ragazzo pediu o veto à operação, alegando que a concentração econômica da empresa resultaria em aumento de preços de alimentos e da inflação.

Em seu relatório, Ragazzo afirmava que a união entre as empresas, principais produtoras de alimentos congelados e processados no país, cria um “cenário extremamente danoso” para o consumidor brasileiro, com aumento de preços, geração de inflação e comprometimento do poder de compra das famílias das classes C e D.

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