Lídia Borges
A disparada dos preços do feijão e da carne fizeram com que a cesta básica em Goiânia fosse a única do País a ficar mais cara em junho. Nas outras 16 cidades pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o custo caiu. Junto com o reajuste de outros cinco itens com grande peso na alimentação, como arroz, leite e pão (veja quadro), o valor da cesta aumentou 5,22% na capital goiana, passando de R$ 212,07 para R$ 223,13.
Em maio, o preço do conjunto de alimentos em Goiânia havia registrado o segundo maior reajuste nacional (2,72%), liderado pelos mesmos alimentos. Considerado os seis primeiros meses do ano, a capital goiana também se destaca pelo alta variação de preço. A cesta ficou 16,88% mais cara no primeiro semestre, atrás apenas de Recife (21,88%).
Esse é o segundo mês consecutivo que o feijão e a carne puxam a alta da cesta básica goiana – em junho, tiveram aumento de 35,87% e 7,57%, respectivamente; em maio, o reajuste foi de 41,29% e 9,14%. No caso do feijão, a quebra da safra nas regiões produtoras é um dos fatores que justificam o aumento de preço, segundo a coordenadora-técnica do Dieese em Goiás, Leila Brito.
Plantio – Além disso, após uma consecutiva desvalorização do preço do feijão, os produtores passaram a reduzir a área plantada, o que também resultou numa menor oferta de mercado e no encarecimento do produto, explica o assessor-técnico da Comissão de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), Leonardo Machado.
A boa notícia é que, após a retomada do preço da saca e aumento da rentabilidade, os produtores voltaram a investir na cultura e a terceira safra do ano deve ser maior. "Com a maior oferta de feijão e uma ligeira queda no valor da saca, os preços tendem a cair nas prateleiras nos próximos meses", frisa o assessor da Faeg.
Mesmo com o preço ainda alto, a cabeleireira Noemy Ferraz não abre mão da marca de feijão de sua preferência, ainda que tenha de pagar mais pelo produto. No último mês, ela percebeu um aumento de quase R$ 1,00 no quilo do grão. Junto com a alta dos outros alimentos, as compras do mês estão entre R$ 30 e R$ 40 mais caras. "Isso pesa muito no orçamento", lamenta.
Já a perspectiva para a carne bovina não é positiva, estima o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas de Goiás (Sindiaçougue), Silvio Carlos Yassunaga Brito. Segundo ele, além do período de entressafra e escassez do produto, há uma pressão no mercado pela alta da arroba do boi desde o início do ano.
A técnica do Dieese acrescenta que a variação do preço da carne não tem sido linear. Isso porque, de acordo com a experiência dos últimos anos, a prática de confinamento na produção bovina de corte costuma ser uma medida alternativa para manter a oferta de carne, mesmo no período de seca.
Diante dos altos preços, a recomendação do presidente do Sindiaçougue é para que o consumidor opte por carnes alternativas à bovina, como a de aves e a de porco, que são mais baratas. Essa é uma tática conhecida da balconista Eliane Silva Pereira. Na sua casa, arroz, feijão e carne são os itens que mais pesam nos gastos com alimentação. "Muitas vezes, substituo a carne bovina pela de frango ou por qualquer outra que esteja mais barata."