O governo de Goiás trabalha com a hipótese de vacinar a primeira pessoa contra a Covid-19 em solo goiano ainda nesta segunda-feira (18). O governador Ronaldo Caiado (DEM) e o secretário de Estado de Saúde, Ismael Alexandrino, vão juntos à São Paulo participar da solenidade de entrega simbólica das doses da Coronavac, uma das duas vacinas aprovadas para uso emergencial ontem pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas a única que já consta no País, por meio do Instituto Butantan, marcada para às 7 horas. A ideia é voltar ainda pela manhã com a vacina e já providenciar as aplicações das primeiras doses, que devem ocorrer em Goiânia e em Anápolis.
No entanto, é possível que as primeiras doses só sejam aplicadas na quarta-feira (20), que é o cronograma adotado pelo Ministério da Saúde (MS). O governo federal quer que todos os Estados iniciem a vacinação no dia 20, às 10 horas. Em São Paulo, que realizou vacinação simbólica ainda no domingo (17), o governador João Dória (PSDB) anunciou que a campanha começa nesta segunda-feira (18). O secretário Alexandrino disse que iria a São Paulo com Caiado para buscar as doses. “Quatro da manhã, o governador e eu decolamos para São Paulo para buscar e existe chance de começar amanhã (segunda, 18).”
Existe uma divergência sobre o público-alvo desta primeira etapa da vacinação. Alexandrino disse no começo da noite de domingo que a campanha começaria pelos idosos em instituição de longa permanência, o que daria em torno de 9 mil pessoas, e os profissionais de saúde na linha de frente no atendimento a pacientes com Covid-19. Isso porque as doses da vacina viriam em três voos e o primeiro traria 87 mil.
Mais cedo, entretanto, a presidente do Conselho Estadual das Secretarias Municipais de Saúde de Goiás (Cosems-GO), Verônica Savatin, disse que a vacinação começaria pelas pessoas acima de 75 anos e idosos em casas de repouso, além de índios aldeados. Isso porque o plano estadual de vacinação preconiza que nesta primeira fase há necessidade de reduzir a letalidade da Covid-19, que soma 7.102 óbitos registrados oficialmente pela Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO).
Também no domingo, Caiado disse em coletiva que a campanha atenderiam em um primeiro momento os profissionais de saúde da chamada linha de frente, além da a população cujas comorbidades estão entre os principais agravantes em casos de Covid-19 e os idosos com mais de 80 anos.
Verônica, que também é titular da Saúde em Chapadão do Céu, explica que falta definir como as doses da Coronavac serão utilizadas no Estado. Como são necessárias duas doses em um intervalo de até 28 dias para cada pessoa, a depender da quantidade do imunizante, é possível que a estratégia da SES-GO seja já implementar a primeira dose também nos profissionais de saúde e demais pessoas do grupo prioritário. “Se houver a garantia do Ministério que mais doses chegarão em menos de 28 dias, poderá ser esse o caminho”, diz.
Indefinição
No momento, a maior indefinição é quanto ao número de doses que deve chegar a Goiás, o que também interfere na estratégia da vacinação. Caiado afirmou que a previsão é que Goiás receba 7% do total de vacinas adquiridas pelo Ministério da Saúde, e que este cálculo envolve a proporcionalidade em relação à população goiana em relação a outros Estados e também ao total de pessoas incluídas no primeiro grupo prioritário. Como serão distribuídas nacionalmente neste primeiro momento as 6 milhões de doses da Coronavac, pelas contas o Estado ficaria com 420 mil.
No entanto, os 7,1 milhões de goianos correspondem a cerca de 3,5% dos 211,8 milhões de brasileiros, o que faria com que o Estado recebesse 210 mil doses. E, governadores de outros Estados, como Piauí, Rio Grande do Sul e Espírito Santo informaram que o acordo seria para receber cerca de 2,5% da população total de cada ente federativo. Neste caso, Goiás ficaria com 178 mil doses.
O governador Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, disse ao portal G1 que espera a chegada de 280 mil doses. O Estado possui cerca de 5 milhões de pessoas a mais que Goiás.
Pazuello afirmou durante a última semana que a distribuição é proporcional à população, embora não tenha especificado se isto é em relação apenas ao grupo prioritário desta primeira etapa de vacinação.
Há ainda a expectativa da chegada no País de mais 2 milhões de doses, que viriam da Índia e de fabricação da AstraZeneca, que também obteve autorização de uso emergencial no Brasil pela Anvisa. O Butantan também anunciou que deve entrar com pedido de uso de mais 4,8 milhões de doses da Coronavac ainda nesta semana.
Municípios
A previsão das secretarias municipais é que as doses sejam distribuídas até a próxima quarta-feira (20), para o início da campanha da vacinação no mesmo dia. “Estávamos na torcida para que as primeiras vacinas aprovadas fossem essas duas, a Coronavac e a da AstraZeneca com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz)”, conta Verônica. Ela explica que ambas utilizam a rede de frios já instalada no Estado, por serem armazenadas em freezers comuns, entre 2 e 8 graus Celsius. “Se fosse outra, como a da Pfeizer, que necessita dos ultrafreezers a -70 graus Celsius íamos fazer a logística necessária também, mas sendo essas duas já está tudo pronto”, afirma.
A decisão de escolher Anápolis como uma das cidades onde a vacinação vai começar se deu, segundo Caiado, como uma homenagem pelo fato de ter sido no município, mais especificamente na Base Aérea da Aeronáutica, que chegaram – em fevereiro do ano passado – os brasileiros que estavam na China quando a epidemia começou, “numa momento em que ninguém conhecia” a Covid-19. “É uma retribuição ao que o povo de Anápolis fez”, comentou. Em seu perfil no Instagram, o prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PP), confirmou a informação, dizendo ter sido informado por telefone pelo governador.
A SES-GO se reuniu com os secretários municipais de Goiás no domingo (17) às 16 horas para passar as instruções sobre a logística do Estado e de distribuição das vacinas e como será a campanha de imunização. A reunião não havia terminado até às 20h30. A ideia é que todos os municípios tenham as mesmas prioridades nos critérios de vacinação e métodos de aplicação, como também de vigilância sanitária e acompanhamento das pessoas que receberem a vacina.
Caiado comemorou a inclusão dos professores no segundo grupo prioritário para a vacinação, dizendo que isso vai permitir a retomada de forma mais segura das aulas presenciais.