Sem acordo entre donos de empresas e trabalhadores, a tendência é de que o comércio de Goiás fique com as portas fechadas na segunda e terça-feira de carnaval. A folga de 48 horas para os colaboradores deste setor está determinada em Convenção Coletiva de Trabalho.
Representantes de empresários encaminharam ontem no fim da tarde uma nova sugestão de mudança no documento, que propõe o funcionamento do comércio no carnaval e a reposição das folgas em data a ser definida por meio de acordo celebrado apenas entre empregador e colaborador. Uma das opções pode ser a data de aniversário do empregado.
O documento foi assinado pelos sindicatos do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas), do Comércio Atacadista do Estado de Goiás (Sinat-GO), Comércio Varejista de Veículos e de Peças e Acessórios para Veículos (Sincopeças-GO) e do Comércio Varejista de Óptica, Joias, Relógios, Cine-Foto e Bijouterias (Sindióptica).
O presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio no Estado de Goiás (Seceg), Eduardo Amorim, disse que não convocará assembleia para discutir a proposta com a categoria porque não houve avanço na negociação, que já leva semanas. Na sugestão anterior, assinada pelo Sindilojas, os empresários propuseram a manutenção da folga na segunda-feira e o funcionamento normal das empresas na terça, sob a justificativa de que as empresas sofreram prejuízos financeiros por causa da pandemia.
“O empregado tem força menor na negociação direta com o empregador, quando o sindicato não está presente. Não vamos discutir em assembleia porque não houve progresso. O que foi sugerido nem está no mesmo nível do que está previsto na convenção coletiva. Tudo caminha para o comércio ficar fechado no carnaval”, afirma Amorim.
O presidente destaca que a convenção coletiva prevê multa de R$ 800 por empregado (valor destinado ao colaborador) em caso de descumprimento das regras. “Se nada mudar e empresas insistirem em abrir, estaremos de prontidão e vigilantes. Vamos percorrer o comércio no carnaval. Se existir desrespeito, logicamente vamos lutar para que o trabalhador receba a multa.” O Seceg representa cerca de 150 mil empregados de mais de 40 mil empresas de Goiás.
Na avaliação de Amorim, parte dos empresários usa a suspensão do carnaval para servidores públicos em uma tentativa de fazer a regra valer também no setor privado. “O aproveitamento da situação gerou insegurança para empresários e empregados. Recebemos mais de 2 mil ligações por dia de pessoas tentando entender o que está acontecendo. Tivemos que explicar aos empresários que a decisão do governador não nos atinge. Toda essa situação poderia ser discutida, mas não poderiam ter se aproveitado desta forma.”
No fim de janeiro, durante uma live, o governador Ronaldo Caiado (DEM), divulgou que iria suspender a folga de carnaval no âmbito do Estado com o objetivo de evitar aglomerações que são registradas nesta época do ano.
Empregadores
Já o presidente do Sindilojas, Eduardo Gomes, acredita que a proposta apresentada ontem “fica bom para todo mundo”. Questionado se existe a possibilidade de empresas abrirem as portas mesmo sem acordo, Gomes diz que a chance existe, “mas o ideal é ter um acordo para os empresários convocarem seus empregados com tranquilidade.” Gomes ainda ressalta que o comércio é ambiente seguro para a população, pois, em sua avaliação, o setor está seguindo protocolos contra a Covid-19. “E ainda tem a recuperação da economia. É melhor abrir do que todo mundo ficar parado.”