Após reunião em Brasília, na quinta-feira (27), do Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST) com 119 sindicalistas de nove Confederações, nove Federações, dirigentes de entidades sindicais de trabalhadores químicos, metalúrgicos, comerciários, carteiros, professores, condutores, entre outros, além da UGT de Goiás e Minas Gerais e da Nova Central do Distrito Federal, foi emitida a nota pública abaixo:
Lideranças sindicais se mobilizam para não serem subjugadas pelo Estado brasileiro
O movimento sindical brasileiro vive a ressaca reflexiva após os dois mandatos do presidente Lula, um ex-metalúrgico. Sob Lula muitas lideranças sindicais tiveram dificuldade em distinguir o carisma sindical do ex-metalúrgico da figura institucional do Presidente da República.
E nessa confusão, muitas lideranças sindicais correram o sério risco de serem subjugados pela máquina do Estado brasileiro. Que, como todos nós sabemos, representa, predominantemente, os interesses dos empresários, dos banqueiros e dos industriais.
Traduzindo: os trabalhadores brasileiros sobrevivem num Estado democrático no qual disputam em desigualdade de condições as políticas públicas adotadas, em última instância, pelo Estado brasileiro.
Depois de muita luta, que ajudou a reforçar o carisma do presidente Lula, conseguimos algumas migalhas.
O salário mínimo foi valorizado mas ainda é o décimo sexto entre os países latino-americanos. Os patrões continuam demitindo a torto e a direito, numa rotatividade brutal que achata a nossa massa salarial. Os acidentes de trabalho criam, todos os anos, milhares de vítimas fatais e de sequelados. E nossos jovens ainda continuam sem esperança e sem emprego. O desemprego entre os jovens com idades de 16 a 24 anos é o triplo da desocupação entre os adultos.
Por isso, acreditamos que: “o sindicalismo não pode ser subjugado pelo governo ou perde sua essência: a defesa dos trabalhadores”.
Agora, com o governo da presidenta Dilma Rousseff, ungida pelo voto direto e pela indicação de Lula, o movimento sindical brasileiro acelera a organização e a defesa dos direitos dos trabalhadores da ativa, como dos aposentados e pensionistas.
É necessário nos organizar e reivindicar, democraticamente, porque a outra opção é ter o sindicalismo brasileiro cooptado e subjugado pelo Poder Público.Uma situação que não interessa nem ao governo e muito menos à nossa democracia. Porque seria entregar a condução do Estado brasileiro apenas para o lado empresarial. Que apoiado na própria mídia, conseguiria a curto prazo passar um rolo compressor na essência popular que conseguimos agregar ao Brasil.
Comprometendo, inclusive, a manutenção dos direitos trabalhistas que conseguimos depois de batalhas ao longo da História do Brasil, que nos custaram vidas, prisões e muitos sacrifícios.
Hoje, temos o status de uma democracia estável ao participarmos de um Estado que respeita a sociedade civil organizada. E como sindicalistas, estamos inseridos de maneira organizada no debate e embate político desde a década de 30 do século passado.
Participamos de todas as resistências democráticas e de todos os avanços sociais que resgataram a democracia brasileira quando obscurecidas pelas ditaduras, inclusive a militar. Contribuímos para os avanços econômicos que resultaram no Plano Real de Itamar e FHC. E fizemos parte dos avanços institucionais e da consolidação dos direitos trabalhistas na Constituinte de 1988.
A agenda da classe trabalhadora brasileira, ainda não subjugada pelo Poder Público, exige que mantenhamos nossas bandeiras de maneira organizada e consequente. A partir da reunião que realizaremos em Brasília entre as lideranças sindicais ligadas ao Fórum Sindical dos Trabalhadores, Cobap, CSP-Conlutas e outras entidades vamos renovar nossas estratégias de mobilização.
Na pauta, o fim do Fator Previdenciário, a manutenção dos direitos trabalhistas, o respeito aos servidores públicos em todos os níveis, pois eles e elas são o Estado brasileiro em ação.
Porque as decisões de Estado resultam de correlação de forças. E ao nos mobilizarmos ainda temos chances de fazer prevalecer nossos interesses enquanto classe trabalhadora. Do contrário, perderemos nossa essência e seremos subjugados primeiro pela classe patronal e, em seguida, não teremos nem voz nem voto nas políticas públicas adotadas pelo Estado brasileiro.
Convocamos, portanto, todas as lideranças sindicais do Brasil, independente da posição política, para o encontro que realizaremos no dia 16 de fevereiro, às 10 horas, em Brasília, no edifício do Congresso Nacional.
Venha e participe do movimento unitário a favor da independência e altivez democrática do movimento sindical brasileiro. Pois é nossa altivez democrática que nos garantirá o respeito do Estado brasileiro que não ousará, mais, criminalizar nossas mobilizações. É com o orgulho cidadão que manteremos a solidariedade de classe e estaremos sempre prontos para mobilizar energias e o Estado brasileiro, de maneira permanente, para prevenir as catástrofes naturais, como as que aconteceram, lamentavelmente, na região Serrana do Estado do Rio, em São Paulo e Santa Catarina.