Federação dos Trabalhadores no Comércio - Goiás - Tocantins

Quase 40% dos goianos tem nomes negativados

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Quase 40% dos goianos tem nomes negativados

Quase 40% dos goianos não conseguiram pagar suas contas em dia e estão com registro nos serviços de proteção ao crédito. Isso representa 2,150 milhões de consumidores inadimplentes no Estado, sendo 534 mil só na capital, segundo levantamento da Serasa. Os goianos devem, principalmente, bancos, cartões de crédito, lojas de varejo e até contas básicas, como água, luz e gás. A dívida média de cada pessoa está em R$ 4.139.

Com a conjuntura econômica atual, de alta da inflação e dos juros, a tendência é que a taxa de inadimplência continue elevada. Em todo Brasil, já são 66,1 milhões de devedores, problema causado por fatores internos e externos. Thiago Henrique Ramos, coordenador da Serasa, lembra que o ano começou conturbado, com a nova variante da Covid-19, a guerra na Ucrânia e a inflação elevada. Embora tenha apresentado uma queda, o índice de desemprego ainda está alto e a informalidade é recorde, o que afetou a renda.

“Com isso, muitas vezes os brasileiros precisam escolher que conta pagar”, destaca Thiago. Para ele, um índice de quase 40% da população inadimplente, ligeiramente abaixo da média nacional, é considerada uma taxa elevada e preocupa. Porém, existem atitudes que podem ajudar a reduzir as chances de inadimplência ou ajudar o consumidor a sair dela.

Entre as recomendações, estão sempre planejar os gastos, anotando tudo em uma planilha; buscar auxílios do governo, como o saque emergencial do FGTS, e ter cuidado com cartões de crédito, que têm juros muito elevados e respondem por boa parte da inadimplência do brasileiro. “Uma pesquisa mostrou que 30% das pessoas têm cinco ou mais cartões. Neste caso, fica mais fácil deixar de pagar um e ficar inadimplente. O ideal é concentrar as compras em apenas um e nunca usar um cartão para pagar outro”, destaca.

Outras recomendações importantes são priorizar o pagamento das contas que geram juros maiores e nunca emprestar o nome a terceiros, uma das principais causas de inadimplência. “Quem emprestou o nome na pandemia, teve grande chance de não receber”, lembra. 

Ele também dá a receita do método 50-30-20: gastar 50% da renda com contas fixas, 30% com gastos pontuais e guardar 20%. “Também é importante sempre consultar a situação de seu CPF na Serasa, o que é possível se cadastrando no site ou indo aos Correios, onde também se faz a negociação com parcelamento da dívida.”

O levantamento da Serasa mostra que algumas contas tiveram aumento da pontualidade, como seguros, planos de saúde e serviços de assinatura de filmes e séries, muito demandados durante as medidas de isolamento social com a pandemia. “O número de pessoas que faziam planejamento financeiro também dobrou do primeiro para o segundo ano da pandemia, passando de 21% para 42%”, informa.

Custo de vida e juros

Para o economista e mestre em Finanças Marcus Antônio Teodoro, a alta no custo de vida, que vai desde a alimentação até a moradia, passando por praticamente todos os serviços, é uma das maiores responsáveis por este alto índice de inflação. “Tivemos uma criação de novos empregos após a pandemia, mas quando eles chegaram, as pessoas já estavam muito endividadas”, diz Marcus.

Outro fator que ajudou a agravar o problema da inadimplência no País, segundo ele, foi a forte alta na taxa básica de juros, a Selic. “Em pouco mais de um ano, saímos de uma taxa anual de 2% para 13,25%, uma elevação de quase 600%”, destaca. O economista ressalta que isso desencadeia uma série de efeitos nocivos sobre a economia e que refletem mais sobre a população de mais baixa renda.

Ele lembra que conseguir pagar as contas em dia envolve uma série de cuidados, como estar sempre atento à capacidade de pagamento, ou seja, saber até onde pode gastar para não “dar um passo maior que a perna”. Além disso, também é recomendável procurar outras fontes de renda e não ficar preso somente ao salário fixo no fim do mês. Isso porque os custos estão aumentando bastante e o aumento do salário acontece uma vez por ano e não consegue acompanhar o aumento real dos preços. “Saber dizer não é muito importante. É o tripé básico: organizar, planejar e controlar”, aconselha.

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