Goiás registrou 1,2 novos diagnósticos de câncer de próstata por dia em 2022, até o dia 15 de outubro. Em 2021, o número chegou a 2,2 diagnósticos por dia ao longo do ano inteiro. Foram 372 novos casos este ano, contra 837 ano passado. Especialistas acreditam que os números ainda são subnotificados. Durante o novembro azul, mês mundial de combate ao câncer de próstata, médicos apontam que a doença atinge majoritariamente os mais velhos e que visitas rotineiras ao urologista são determinantes para o diagnóstico precoce da doença.
A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é de que o Brasil registre 65,8 mil novos casos de câncer de próstata a cada ano do triênio 2020-2022. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de próstata ocupa a primeira posição no país em todas as regiões brasileiras. O oncologista Danilo Gusmão diz que durante a pandemia da Covid-19, o número de diagnósticos de câncer de próstata diminuiu. “Por conta de todo o cenário, as pessoas procuram menos atendimento médico.”
Como o câncer de próstata é uma doença que na fase inicial é silenciosa, ter o diagnóstico o quanto antes é importante para um tratamento efeito. “O diagnóstico precoce do câncer é o que leva à cura”, enfatiza Gusmão Rezende, que é membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). O diagnóstico é feito por biópsia, que tem indicação dependente do toque retal e de valores do exame PSA, que é um antígeno prostático específico.
Rezende esclarece que tanto o toque retal como o PSA são um exame de rastreamento. São exames que são feitos quando não temos um diagnóstico da doença. Eles não são indicados em todos os casos. Porém, nessa situação, se mostra benéfico pois contribui para o diagnóstico precoce e melhora da qualidade de vida de longevidade do paciente.
Recomendações
O urologista João Paulo Barbosa explica que os exames relacionados à saúde da próstata são recomendados anualmente para homens com mais de 50 anos. Entretanto, homens negros (que estatisticamente apresentam esse tipo de câncer mais precocemente e de forma mais agressiva) e aqueles com histórico familiar da doença, devem iniciar os exames de rastreamento com 45 anos.
Barbosa, que é membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), relata que o maior temor dos pacientes no consultório é com o exame de toque retal. “Não existe razão para isso. O desconforto é mínimo, dura em torno de 15 segundos, não machuca, não causa sangramento e não tem contraindicação. É importante lembrar que em até 30% dos cânceres de próstata, só se conseguem encontrar alterações por meio do toque retal”, comentou.
Para além dos exames ligados à saúde da próstata, Barbosa ressalta que o novembro azul é uma oportunidade de chamar a atenção dos homens para a importância de uma avaliação global da saúde. “Tenho pacientes que chegam aqui com 50 anos sem nunca ter ido em um urologista antes ou feito qualquer acompanhamento de rotina. É necessário estimular esse autocuidado e, neste sentido, promover a saúde do homem de forma completa, com acompanhamento também de outras áreas como a possibilidade de hipertensão e diabetes.”
Tratamento não deve ser tabu
Depois do diagnóstico do câncer de próstata, um dos maiores temores dos homens é o que o tratamento da doença pode causar em seus corpos. É o que afirma Danilo Gusmão, oncologista e membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). “Existe uma insegurança relacionada, principalmente, à possibilidade de disfunção erétil. Entretanto, atualmente existem diversas abordagens diferentes e essas situações são manejáveis.”
Gusmão explica que o tratamento do câncer de próstata é multidisciplinar e conta com urologistas, oncologistas e radioterapeutas. “Na maioria dos casos, tratamos com uma cirurgia com finalidade curativa”, relata. Entretanto, em casos com um prognóstico pior, outras abordagens também podem ser utilizadas. “A radioterapia e a hormonioterapia são opções. Tudo vai depender do perfil de cada paciente como, por exemplo, a idade e se é portador de comorbidades”, aponta.
Entretanto, nada disso significa que o homem necessariamente vai sofrer com a disfunção erétil. “Hoje temos a hormonioterapia, que pode ser uma estratégia minimizadora. Além disso, já temos cirurgias robóticas que utilizam técnicas minimamente invasivas, que diminuem os efeitos colaterais”, esclarece Gusmão. O oncologista e diretor clínico do Hemolabor, Uirá Rezende, Conrado. “Temos muitos recursos para evitar ou então contornar essa possibilidade de disfunção.”
Para conseguir ter uma chance maior de sucesso na preservação da função erétil, Rezende destaca que é preciso fazer o diagnóstico precoce e iniciar o mais rápido possível o tratamento da doença. “Quanto mais tempo o diagnóstico e tratamento forem postergados por conta disso, mais a situação pode se agravar e sequelas piores do que a disfunção erétil como a incontinência urinária, podem surgir.”