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Por mínimo, Planalto aciona ‘rolo compressor’

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Por mínimo, Planalto aciona ‘rolo compressor’

Governo ameaça barrar indicações políticas para cargos no 2º e 3º escalões da administração

Brasília- Numa ofensiva para garantir a aprovação do salário mínimo de 545 reais hoje na Câmara o governo mapeou os nomes dos dissidentes na base, cujas indicações políticas para cargos no segundo e terceiro escalões e nas estatais federais serão barradas. Também avisou ao PDT que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, poderá perder o cargo se o partido, que integra a coalizão governista, mantiver a disposição de votar a favor de 560 reais.

Os líderes aliados estão confiantes na vitória dos 545 reais com cerca de 300 votos e esperam uma dissidência de 76 votos na base aliada, segundo cruzamento realizado ontem. Na avaliação tanto de governistas quanto de oposicionistas, o mínimo de 560 reais deverá contar com o apoio de 150 a 180 deputados. "A situação é confortável", disse o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

A presidente Dilma Rousseff decidiu jogar pesado com os aliados para evitar um eventual processo de rebelião na base a favor do mínimo de 560 reais. O temor era que esse valor acabasse "contaminando" os governistas.

Vaccarezza reuniu os líderes num almoço na casa do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), para baixar a ordem unida na votação de hoje: o governo manterá os 545 reais até o fim, sem dar um real sequer a mais.
 

"O governo não pode fraquejar nem dar sinais que pode dar mais que os 545 reais. Se abrir a porteira, não tem como segurar: é o estouro da boiada e vai todo mundo junto para os 560 reais", resumiu o deputado Hugo Leal (PSC-RJ).

A base está preparada para fazer cobranças em troca da fidelidade ao Palácio do Planalto. Ontem, peemedebistas alardeavam que esperam apenas a votação do mínimo para cobrar de Dilma a demissão de Lupi. "Se ela não demitir, ela não poderá cobrar mais nada de ninguém", disse um peemedebista. O partido vai usar a votação de hoje como um argumento para conquistar novas nomeações no governo Dilma.

"Se o PDT votar pelos 560 reais, o Lupi vai voltar a vender jornal", brincou o deputado Sílvio Costa (PTB-PE). Antes de entrar na política, Lupi era dono de banca de jornal no Rio de Janeiro. Outro pedetista que corre o risco de ficar fora do governo é o ex-senador Osmar Dias (PR), que pleiteia um cargo numa estatal de energia (Itaipu ou Eletrosul).

O PDT é o único partido da base que promete votar unido contra o valor do governo. O deputado Paulinho Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, sentiu a pressão do Planalto e ficou sozinho na defesa do valor de 580 reais. Este era o valor inicial proposto por Paulinho e pelas centrais. "Já peleguei. Estou agora defendendo os 560 reais", disse.

A estratégia dele é tentar fortalecer esse valor que conta com o apoio do DEM, do PDT e do PV.
Para tentar cooptar o voto de Paulinho e o apoio da Força Sindical, o ministro da secretaria geral da Presidência, Gilberto Carvalho, propôs a aprovação do mínimo de 545 reais em troca da correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física. A própria presidente Dilma Rousseff também se reuniu com Lupi para exigir a fidelidade da bancada de 27 deputados na Câmara.

Argumentos – Os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, foram ontem à Câmara dar explicações sobre os motivos que levaram o governo a fixar o mínimo em 545 reais. Pela manhã, o secretário Executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, participou de debates com as bancadas, incluindo os partidos de oposição.

No PSDB, a defesa do mínimo de 600 reais foi feita pelo economista Geraldo Biasoto Júnior. Na tribuna, ele deu detalhes de como o partido chegou a esse valor, defendido pelo candidato tucano derrotado à Presidência da República José Serra.

O PSDB, o DEM e o PPS não esperam defecções a favor do governo hoje. As eventuais dissidências devem ser computadas nas ausências dos deputados e não nos votos a favor do governo.

Numa ação articulada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), as bancadas tucanas da Câmara e do Senado decidiram ontem apoiar a proposta das centrais sindicais, que reivindicam um salário mínimo de 560 reais, caso o partido não consiga aprovar o valor de 600 reais defendido durante a campanha passada por seu candidato à Presidência, José Serra.

Para Aécio, mais do que um plano B, essa aliança com as centrais poderá garantir uma reaproximação estratégica da oposição com o movimento sindical, aproveitando o primeiro embate público dele com o governo da petista Dilma Rousseff.

"Vamos defender o mínimo de 600 reais até quando for possível. O que me preocupa é não termos um plano B. A base do governo é muito sólida. O mais provável é que vença a proposta do governo. Mas a chance da proposta das centrais sindicais prosperar é com o apoio da oposição ", observou Aécio, após reunir em seu gabinete ontem representantes de quatro centrais sindicais e os principais líderes da oposição do Congresso.

Na avaliação de Aécio, a aliança com as centrais sindicais poderá ajudar a oposição, hoje em minoria tanto na Câmara quanto no Senado, a pressionar o governo a abrir negociação não só como está acontecendo agora em relação ao mínimo, mas em relação a temas como o reajuste da tabela do imposto de renda.

A expectativa dos tucanos é que o DEM, PPS, PV e PDT possam, num primeiro momento, apoiar a proposta do PSDB.

 

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