Federação dos Trabalhadores no Comércio - Goiás - Tocantins

Salário de qualificados é 13% maior

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Salário de qualificados é 13% maior

 

 

Trabalhador especializado tem 48,2% mais chance de ser contratado. Falta de capacitação é obstáculo para quem busca vaga no mercado de trabalho. Cursos devem ser aliados à prática

Vandré Abreu
EDITORIA DE ECONOMIA

Um dos principais obstáculos para o crescimento do setor produtivo nacional é a qualificação da mão de obra. Em função disto, o trabalhador que se especializa e agrega valor ao seu serviço recebe salário elevado e função de maior responsabilidade, além de ser mais facilmente contratado. A chance aumenta 48,2% e o rendimento pode crescer em até 13%. No entanto, especialistas lembram que os cursos devem ser aliados com a prática, como estágios e outros trabalhos.

Os dados são da pesquisa realizada pelo Centro de Estudos e Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pelo Instituto Votorantim. O estudo também mostra a queda de 7,3% do número de brasileiros entre 18 e 24 anos matriculados em quaisquer instituições de ensino formal de 2006 a 2008, estando de acordo com a redução da população dessa faixa etária no período. Outro ponto da pesquisa é em relação ao nível de qualificação dos trabalhadores, com crescimento da porcentagem de pessoas na mesma área do curso realizado: tecnólogo de nível superior (79,5%), técnico de nível médio (70,1%) e qualificação (60,8%).

De acordo com o estudo, as empresas têm dificuldades em encontrar trabalhadores com qualificações, e este fator é o diferencial na contratação. Cursos específicos e curtos são os mais desejados, por conseguirem a conciliação entre a teoria e a prática. Flávio Marques, sócio-proprietário e diretor da TerraVista Consultoria & Treinamento, alega que cursos técnicos são melhores para a entrada no mercado de trabalho. “Lida com a parte prática, com o que ocorre no mercado, as tecnologias usadas, sendo mais eficaz para este objetivo”, diz, sem deixar de dar valor aos cursos superiores.
A empresa de Flávio realizava apenas consultoria na área de tecnologia da informação até 1998. Em 2003, passou a oferecer cursos técnicos para o seu segmento. “A gente achava que o nível no mercado não era bom, aí oferecemos cursos com esse enfoque na parte prática. Hoje em dia não temos mais problemas com contratações”, diz. Já dentro da empresa, o profissional deve continuar se especializando, de acordo com Flávio e com Wilson Tareschi, diretor de recursos humanos da indústria alimentícia Mabel. “A melhor qualificação reflete em maior empregabilidade em qualquer empresa. A dica é continuar estudando e se qualificando, não pode parar", completa Wilson.

Os especialistas, porém, lembram que cada ramo e empresa possui suas próprias definições do que espera de um trabalhador, mas a generalidade leva em conta o aprofundamento na área. Flávio garante que qualquer curso técnico, profissionalizante ou formal pode ajudar o trabalhador, mas se qualificar no ramo específico, com a intenção de melhorar o desempenho na empresa é o que conta mais. “Qualquer curso agrega valor, mas é melhor que o profissional tenha um foco e se empenhe”, diz. Ele conta que vários de seus alunos já lhe informaram sobre ter ganhado promoções nas empresas em função do curso realizado.

CAPACIDADE – Como meio de ultrapassar a barreira da falta de qualificação, várias empresas, sobretudo no segmento industrial, realizam programas de treinamento interno ou oferecem meios para que os trabalhadores se especializem. “O ponto importante é o investimento que é feito nisso. Nossa empresa está sempre com 100, 150 empregados em treinamento. Essas pessoas se qualificam e, assim que surge uma vaga em cargo superior, são chamadas", afirma Wilson.

Willian Ribeiro dos Santos, 24, está há mais de cinco anos na Mabel. Ele começou como auxiliar de produção e, por iniciativa própria e apoiado pela empresa, realizou cursos em parceria com o Senai e conseguiu o cargo de operador de máquinas nível 1. Com a continuidade de sua capacitação, hoje já está no cargo de nível 3 e sua pretensão é continuar participando de programas de qualificação.
Assim mesmo, Wilson reitera que a melhora da empregabilidade não é matemática, portanto, é difícil calcular o quanto um curso pode ser o diferencial, mas, grosseiramente, aponta até 50% no aumento da chance. Na empresa em que trabalha, a ideia é buscar pessoas mesmo sem nenhuma qualificação na área, mas que possa aprender com os programas internos ou em outras parcerias, como com o Senai. “Para crescer, o trabalhador deve se preparar com cursos e com bom desempenho. Essa pessoa sempre será lembrada”, reitera.

No caso de Willian, a ideia é continuar na área industrial. “Gosto mais do ramo de manutenção, então este é o meu próximo passo aqui na empresa”, conta. Para tal, o operador de máquinas pretende realizar um curso na área de mecatrônica, o que o auxiliará na próxima promoção.

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