Mesmo com uma previsão reduzida de vagas temporárias de trabalho para este fim de ano em Goiás – estima-se a abertura de 13 mil postos, contra 17 mil de 2012 –, faltam candidatos adequados para preencher as oportunidades disponíveis.
Segundo pesquisa encomendada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 87% dos empresários que pretendem contratar empregados provisórios apontam dificuldades em encontrar profissionais adequados.
Os empresários alegam ter gente cada vez menos preparada e pouco comprometida, o que exige investimento maior e antecipado em treinamento, sem garantia de retorno. Por isso, as seleções estão mais apuradas na busca pelos profissionais com maiores possibilidades de permanecer no cargo. Esta é uma medida preventiva por parte da empresa, para evitar desperdício de tempo e dinheiro com pessoas que podem abandonar facilmente a empresa.
As questões jurídicas e os pesados encargos trabalhistas que oneram a folha de pagamento também são causas que dificultam a contratação. Para se ter uma ideia, a pesquisa mostra que 43% dos empresários apontaram a intenção de fazer contratações informais, ou seja, sem assinar carteira de trabalho – o que vai contra a lei que rege o trabalho temporário .
“Algumas súmulas assustam os empresários na hora de contratar. Uma delas é a interpretação da lei sobre os direitos da gestante, por exemplo, que dá estabilidade no emprego para as mulheres que engravidam também durante o período de trabalho temporário.
Uma empresa pequena, que tem condições de manter apenas dois empregados fixos, por exemplo, e se programou para ter mais um ou dois temporários no final do ano, não terá como arcar com a contratação definitiva de uma funcionária temporária após o período de festas, porque ela engravidou”, explica o presidente do Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas), José Carlos Palma Ribeiro.
Palma também enumera outros fatores que têm influenciado de forma negativa na contratação de provisórios, como a questão da mobilidade e do perfil para a vaga. Em outras palavras, o empresário tem considerado a viabilidade de acesso ao trabalho, escolhendo candidatos que moram em regiões mais próximas ou de fácil acesso à empresa.
Também são observadas características do candidato que estejam de acordo com a vaga (se ele tem interesse em trabalhar em horários que condizem com o emprego ofertado, por exemplo), diz o presidente do Sindilojas.
PREPARAÇÃO
A partir do dia 7 de outubro, o Sindilojas inicia várias turmas de treinamentos para profissionais que estão de olho nas vagas temporárias. O curso tem carga horária de oito horas, divididas em dois dias, sempre nas segundas e terças-feiras.
Os interessados devem fazer sua inscrição pelo telefone (62) 3541-3054 ou direto no sindicato (Rua 90, nº 320, Setor Sul, Goiânia). O único custo é fazer uma doação de um quilo de alimento não perecível.
O Sindicato dos Empregados no Comércio de Goiás (Seceg) também deve abrir turmas de treinamento para vagas temporárias, mas ainda não há data definida. Os candidatos podem também entrar em contato com o Seceg para deixar o nome na lista de espera. Mais informações pelo telefone (62) 3261-5577.
Concorrência está mais acirrada
Com a escassez de mão de obra no comércio e o pouco tempo para treinar os candidatos às vagas temporárias de fim de ano, a concorrência por funcionários entre as empresas fica ainda mais acirrada. O gerente comercial da loja Flávio’s do Buriti Shopping, Fabrício da Silva Martins, diz que a alternativa da empresa é buscar nas pequenas firmas os profissionais que já têm experiência.
“Essa é a única maneira de ter uma mão de obra um pouco mais qualificada, porque os currículos que recebemos são todos sem experiência”, relata.
Segundo Fabrício, neste ano, o treinamento também será ampliado de 10 para 20 dias, como forma de preparar melhor os vendedores que vão receber a clientela de fim de ano.
No caso do Hipermoreira, a estratégia é outra. A empresa prefere manter, durante todo o ano, um quadro médio de funcionários que consiga atender bem durante as datas comemorativas. “A dificuldade de repor mão de obra é frequente, não apenas de temporários. Então, adotamos uma política diferente para não ficarmos presos a essa questão sazonal”, explica a gerente de Recursos Humanos do hipermercado, Maria Gabriela Lima.
Mesmo assim, a empresa já contratou cinco pessoas para a área de brinquedos e vai abrir mais cinco vagas para o departamento têxtil – todos ficarão, pelo menos, até o Natal. O jovem Victor de Faria Ferreira, 16 anos, é um dos contratados. Ele é repositor de brinquedos e está no seu primeiro emprego, mas pretende chegar a vendedor em breve.