O cabeleireiro Jalles Rocha, de 42 anos, dividia num mesmo ambiente a casa e o primeiro salão. Por isso, o filho conviveu desde muito pequeno com sua profissão. Agora eles compartilham o mesmo ambiente de trabalho. O salão cresceu, foi para uma região mais nobre de Goiânia, mudou de nome, e Júnior Sousa, de 24 anos, que começou lavando cabelo de clientes e auxiliando na organização, ajudou a trazer barbearia e cortes masculinos contemporâneos para o Company by Jalles. Mas os desafios não são menores com o pai ao lado.
“Foi tudo muito natural, por ser um negócio da família. No começo, por necessidade, tive de tomar conta do salão quando ele precisou viajar mais”, explica o filho. Ele afirma que depois que a situação ficou melhor ele corre para acompanhar o ritmo do pai. “Ele sempre faz cursos e tenho de acompanhar porque a responsabilidade é grande para manter o nível. E, como filho, tenho de ser exemplo em tudo.” Ele se especializou na área de criação de estilo masculino, setor que viu como tendência no mercado.
Para Jalles, trabalhar com Junior é “honra e orgulho”. “Ele me apoia em tudo e tive o privilégio que muitos pais não têm.” Porém, ele conta que a decisão de seguir na mesma carreira foi do filho e acha que tudo tem de ser natural para dar certo. “Tentamos que ele fosse além de um profissional qualificado e ao mesmo tempo participasse da administração da empresa, mas não era a praia dele.” Assim, nada de insistir: Junior se especializou, faz a produção de cantores e concilia tudo com curso de engenharia.
“Se ele optar, vai continuar. Quando precisamos, ele participou e ajudou, agora temos estabilidade e segurança.” Nos planos, está conciliar as duas profissões.
A sócia da PwC Brasil e especialista em empresas familiares, Mary Nicoleillo, explica que, como nesse caso, os pais devem pensar em estratégias e na governança para que tenha coesão e certeza de que o filho quer e contribui para a perenidade do negócio. “Cada empresa está em um estágio e mesmo as pequenas têm de pensar em uma forma de estruturar a parte empresarial e familiar.”