Federação dos Trabalhadores no Comércio - Goiás - Tocantins

Trabalho: Mentira elimina candidato na seleção

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Trabalho: Mentira elimina candidato na seleção

 Quem não conhece a expressão “a mentira tem pernas curtas”? É uma forma bem-humorada ou metafórica de dizer que uma falsa informação não se sustenta por muito tempo.

No mundo corporativo, essas “pernas curtas” normalmente não ultrapassam sequer a entrevista de emprego. Isto porque o recrutador é treinado para desvendar mentiras, desde o momento em que ele começa a analisar o currículo.

E é na tentativa de driblar a seleção e alcançar a vaga, que o candidato pode não só perder a chance de ser contratado, como passar a integrar a lista negra de uma agência de empregos.

Mesmo no caso de o profissional conseguir enganar os recrutadores e ingressar na empresa, o preço da mentira pode ser muito alto. Ele passará a conviver com o medo constante de ser desmascarado a qualquer momento e passar por constrangimento ainda maior.

 

Exemplo disso ocorreu há duas semanas, com o então diretor-geral do grupo norte-americano Yahoo, Scott Thompson. Ele teve de deixar o cargo após ser acusado de mentir sobre um suposto diploma de Ciências da Computação que ele não tinha.

 

Incluir falsas informações no currículo sobre a formação acadêmica é a principal mentira contada por candidatos, segundo ranking elaborado pela Trabalhando.com. Muitas vezes, o profissional afirma ter concluído cursos de graduação ou pós-graduação que ainda está cursando ou que teve a matrícula trancada. O conhecimento em idioma estrangeiro também aparece no topo das inverdades. “Quase todo mundo afirma que possui, pelo menos, o nível básico de inglês e, muitas vezes, nem isso tem”, destaca a presidente da regional goiana da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Goiás), Dilze Percílio.

A especialista relata que também é muito frequente o candidato mentir sobre o verdadeiro motivo do desligamento dos empregos anteriores. Em vez de informar que foi demitido, ele diz que saiu em busca de melhores oportunidades, ou afirma que houve redução no quadro de pessoal da antiga empresa, para amenizar o que realmente ocorreu.

Segundo Dilze Percílio, o maior problema deste tipo de comportamento não é apenas o risco de contratar um profissional incapacitado. O pior é o que essa atitude demonstra o caráter da pessoa. “A ética de um candidato começa a ser avaliada nas informações que ele fornece para uma seleção. Se ele não demonstra responsabilidade logo no início, como é que eu vou indicá-lo para uma empresa que é minha cliente?”, pondera.

No que depender de alguns legisladores, mais do que manchar a reputação de um candidato, a mentira sobre informações profissionais deve ser considerada crime. Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados propõe inclusive pena de detenção para o mentiroso. Proposto em 2009, ele havia sido arquivado em 2010, mas voltou à pauta e está na Comissão de Constituição e Justiça.

OMISSÃO

Mais comum do que mentir no currículo é ocultar informações relevantes para a seleção, informa a presidente da ABRH Goiás, Dilze Percílio. Em vez de descrever os últimos cargos, por exemplo, alguns candidatos preferem dizer apenas a área em que atuavam nos empregos anteriores.

 

A idade e o estado civil também ficam de fora de muitos currículos, assim como as data de entrada e saída nas empresas em que esteve empregado.

 

As mulheres que possuem filhos pequenos omitem a informação pelo medo de que seja um empecilho à contratação na empresa. Nesses casos, é preciso deixar claro que o mais importante é que haja uma estrutura que apoie essa mãe enquanto ela está no trabalho. “Durante a entrevista, nós vamos perguntar, por exemplo, se esse filho fica com a avó ou numa escolinha, ou ainda se tem uma babá. Nós recrutadores não podemos ter preconceitos”, afirma Dilze.

 

Para a especialista, a omissão de informações demonstra insegurança do profissional em relação à vaga pretendida.

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